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Bolsonaro dobra a aposta e diz que palavras de Barroso não valem nada
Presidente acusou o ministro de mentir e disse que ele age fora das quatro linhas da Constituição
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira 3 que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, de agir fora das “quatro linhas da Constituição”.
Em conversa com apoiadores na saída do Palácio do Alvorada, Bolsonaro ainda acusou Barroso de mentir sobre o voto impresso.
“Por que essa vontade de dizer que você está certo? Por que ele quer que essa sombra de dúvida permaneça entre nós? Ele acha que mentindo várias vezes nós vamos acreditar?”, questionou o presidente.
“Se o ministro Barroso continuar sendo insensível e o povo assim desejar… Uma concentração na Paulista como ultimo recado para que entendam o que está acontecendo, eu estarei lá. Se o povo estiver comigo, vamos fazer a vontade popular. Não vou deixar de cumprir o meu dever de presidente da República”, ameaçou Bolsonaro
O mandatário disse que a garantia, feita pelo ministro, de que as eleições serão limpas não é nenhuma garantia. “Barroso, sua palavra não vale nada”, afirmou.
“Barroso joga fora das linhas da Constituição”, acusou o presidente.
Na segunda-feira 2, o TSE tomou duas decisões que marcam uma reação a Bolsonaro. Além da abertura de um inquérito administrativo para investigar os ataques infundados e as ameaças do presidente às eleições de 2022, a Corte enviou ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime para incluir Bolsonaro no chamado inquérito das Fake News.
O ofício foi encaminhado por Barroso ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das Fake News no STF. No documento, Barroso incluiu um link para o pronunciamento de Bolsonaro na última quinta-feira 28, em que fez uma série de alegações falsas contra o sistema eleitoral.
Ambas as decisões – a instauração do inquérito e o envio da notícia-crime – foram tomadas por unanimidade. O responsável pelo pedido de abertura do inquérito administrativo é o corregedor-geral Eleitoral, Luís Felipe Salomão.
“Ampliando-se seu escopo para apurar fatos que possam configurar abuso do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos e propaganda extemporânea relativamente aos ataques contra o sistema eletrônico de votação e a legitimidade das eleições de 2022”, diz trecho do pedido.
“O inquérito compreenderá ampla dilação probatória, promovendo-se medidas cautelares para colheita de provas, com oitivas de pessoas e autoridades, juntada de documentos, realização de perícias e outras providências que se fizerem necessárias para a adequada elucidação dos fatos”, afirma ainda o texto avalizado pelos ministros do TSE.
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