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Espanha diz que não precisa pedir desculpas no caso Morales

O ministro de Assuntos Exteriores do país, José Manuel García-Margallo afirmou que o país não fechou seu espaço aéreo para o avião do presidente bolivariano

Espanha diz que não precisa pedir desculpas no caso Morales
Espanha diz que não precisa pedir desculpas no caso Morales
Evo Morales participa de coletiva de imprensa em Viena em 3 de julho
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MADRI (AFP) – A Espanha afirmou que não fechou o espaço aéreo ao avião do presidente boliviano, Evo Morales, e por isso não tem que pedir desculpas ao país, mas apelou nesta sexta-feira 5 para a calma.

“A Espanha disse que em nenhum caso iria restringir o espaço aéreo e que mantinha vigente a autorização para que o avião pousasse e reabastecesse em Las Palmas”, nas ilhas Canárias, onde Morales fez escala na quarta-feira depois de passar várias horas retido no aeroporto de Viena, afirmou o ministro de Assuntos Exteriores do país, José Manuel García-Margallo.

E acrescentou que, como a Espanha não fechou seu espaço aéreo ao avião presidencial boliviano, “não tem que pedir desculpas à Bolívia”, como exigiram vários presidentes sul-americanos que se reuniram na quinta-feira em Cochabamba (Bolívia).

Embora a princípio La Paz tenha acusado Madri de ter negado permissão de sobrevoo e escala a Morales, nem a embaixadora boliviana na Espanha, María del Carmen Almendras, nem a ministra da Transparência, Nardi Suxo, informaram se a suspensão da autorização chegou a ocorrer.

Segundo declarações de Almendras na quarta-feira 3, a Espanha concedeu num primeiro momento a autorização de escala nas Canárias, mas, quando a aeronave estava em Viena, “entramos em uma negociação mais difícil que o habitual com o Estado espanhol para ter a última autorização de sobrevoo e pouso”.

Já Suxo, que participou de uma coletiva de imprensa em Madri nesta sexta-feira, exigiu medidas contra o embaixador espanhol na Áustria que, segundo Morales, pediu para tomar um café no avião com a intenção de inspecionar se Snowden estava a bordo.

García-Margallo pediu calma após o fechamento parcial do espaço aéreo europeu ao avião de Morales, que retornava de Moscou a La Paz. “Temos que tentar de alguma maneira acalmar os ânimos, baixar os espíritos e voltar a retomar as relações”, disse.

O presidente boliviano se viu obrigado a fazer uma escala na terça-feira 2 na capital da Áustria depois que, segundo La Paz, França, Portugal, Itália e Espanha negaram permissão de sobrevoo ante a suspeita de que o avião poderia transportar o fugitivo americano Edward Snowden.

“Nem a Bolívia, nem o presidente Evo cometem crimes (…), somos muito respeitosos com as leis internacionais”, afirmou Morales em Viena, classificando o incidente como uma provocação contra “a Bolívia e toda a América Latina”.

Margallo admitiu na entrevista que, a princípio, havia recebido dados “claros” de que Snowden estava no avião, mas que depois confiou nas garantias dadas pela Bolívia de que a informação não era correta. “Acredito na palavra dos países amigos e a Bolívia é”, afirmou.

Ainda assim, o ocorrido gerou uma grande crise diplomática entre a Europa e a América Latina, que se solidarizou em bloco com o presidente boliviano, especialmente seu colega venezuelano, Nicolás Maduro.

“Vamos avaliar nossas relações com a Espanha”, disse o presidente venezuelano na quinta-feira, afirmando que “o que o governo da Espanha fez é infame”.

“Quero acreditar que estas declarações são feitas por um desconhecimento dos fatos no calor de todos estes acontecimentos”, respondeu nesta sexta-feira o chanceler espanhol, que pediu que seu embaixador em Caracas “informe as autoridades venezuelanas sobre qual foi o curso dos acontecimentos”.

Buscado por Washington por espionagem, este ex-consultor da Agência Nacional de Segurança (NSA) revelou detalhes sobre um programa americano secreto de espionagem em grande escala e fugiu primeiro a Hong Kong e depois a Moscou, onde está há quase duas semanas refugiado na zona de trânsito do aeroporto.

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