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Jornal diz que Reino Unido espionou integrantes de cúpula do G20

A poucas horas do início do encontro do G8, “The Guardian” noticia que serviço secreto britânico teria espionado membros de uma reunião do G20, em 2009

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Encontro do G8 reúne líderes mundiais na Irlanda do Norte para debater a Síria
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A poucas horas do início da cúpula do G8, na Irlanda do Norte, a notícia de que o serviço de inteligência britânico teria espionado participantes de uma cúpula do G20 provocou polêmica. O jornal britânico The Guardian noticiou em sua edição desta segunda-feira 17 que agentes britânicos teriam monitorado em 2009 a comunicação de participantes da cúpula do G20 realizada em Londres.

De acordo com o periódico, algumas delegações também foram levadas a usar cibercafés previamente preparados pelo serviço secreto. Assim, os agentes britânicos teriam podido monitorar o tráfego de e-mail e capturar senhas de integrantes do encontro. O monitoramento de computadores e celulares de participantes do evento teria sido realizado pelo Government Communications Headquarters (GCHQ), o equivalente britânico ao norte-americano NSA.

O governo britânico se negou a comentar o assunto e declarou, apenas, que não comenta questões de segurança. As informações estariam, segundo o Guardian, em documentos fornecidos por Edward Snowden, ex-empregado do serviço de informações norte-americano. Ele revelou semana passada, através do Guardian, documentos sobre uma ampla vigilância de informações de internautas praticada pelo serviço de espionagem NSA.

Entre os alvos, Rússia, África do Sul e Turquia

De acordo com a matéria do Guardian, a ação de espionagem de 2009 se destinava a garantir ao governo britânico sucesso nas negociações da cúpula. Entre os alvos estavam também, conforme o diário, delegações de aliados de longa data, como a África do Sul e Turquia. Mas também a comunicação entre o então presidente russo, Dimitri Medvedev, e sua delegação foi interceptada.

Nestas segunda e terça-feira, os líderes do G8 se encontram em Lough Erne, na Irlanda do Norte. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, reúne num resort de golfe os líderes de Estados Unidos, Japão, Canadá, Rússia, Alemanha, França e Itália, países responsáveis por pouco mais da metade dos 71,7 trilhões de dólares da economia global.

A Síria promete dominar as conversas nos dois dias de encontro, mas a preocupação com a economia global também é foco das discussões. Horas antes do início da reunião, o anfitrião Cameron disse que sua prioridade no evento é conseguir a realização de uma conferência de paz sobre a Síria ainda neste ano.

Conversa entre Obama e Putin

O presidente dos EUA, Barack Obama, chegou à Irlanda do Norte na manhã desta segunda-feira. Ele tentará, durante o G8, obter ajuda de seu colega russo, Vladimir Putin, o aliado mais poderoso da Síria, para trazer o presidente Bashar al Assad à mesa de negociações e terminar com a guerra civil que já dura dois anos.

Mas as conversas entre dois países não devem ser fáceis e há pouca esperança de que os dois líderes cheguem a um denominador comum, principalmente depois que Washington irritou o Kremlin por autorizar o apoio militar norte-americano aos rebeldes sírios.

Washington disse no sábado que manteria seus caças F-16 e mísseis Patriot na Jordânia, a pedido do governo do país, irritando Moscou devido à possibilidade de que seja criada uma zona de exclusão aérea na Síria.

Economia na pauta

Numa conversa em Londres, no domingo, com David Cameron, Putin renovou suas críticas à posição do Ocidente, qualificando os inimigos de Assad de canibais. “Creio que você não negará que não é necessário apoiar uma gente que não só mata seus inimigos, mas também abre seus corpos, come seus intestinos diante do público e das câmeras”, disse Putin numa coletiva de imprensa conjunta com Cameron.

Os líderes do G8 devem discutir, ainda, o papel dos bancos centrais e da política monetária na crise financeira mundial. Os representantes da União Europeia e dos EUA provavelmente também anunciarão o início das negociações formais sobre uma grande zona de livre comércio.

  • Edição Alexandre Schossler

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