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Guaidó diz ter sido alvo de tentativa de sequestro; ministro de Maduro nega e sugere contradição
O episódio foi relatado originalmente nas redes sociais pela esposa do autoproclamado ‘presidente’, Fabiana Rosales
Juan Guaidó, opositor do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, relatou uma tentativa de sequestro por parte de militares que apoiam o governo. Oficiais das Forças Especiais da Polícia Nacional Bolivariana teriam invadido, armados, o estacionamento do prédio em que Guaidó mora, em Caracas, na segunda-feira 12, e tirado à força o motorista do carro em que o opositor estava.
O relato foi publicado originalmente pela esposa de Guaidó, Fabiana Rosales, no Twitter.
“Funcionários das Faes estão na minha casa, entraram na minha residência. O regime de Maduro quer deter o presidente Juan Guaidó”, escreveu ela, reforçando o posto do marido como autodeclarado presidente interino.
Um vídeo que circula nas redes sociais, publicado pela emissora colombiana NTN24, foi gravado dentro do carro e mostra o momento em que os supostos militares do governo abordam Guaidó.
#EnVideo Momento en el que apuntan a @jguaido y a su equipo con armas largas y le exigían que se bajaran del vehículo #12Jul https://t.co/Tc8El7xwl2 pic.twitter.com/6nGjF6wJID
— NTN24 Venezuela (@NTN24ve) July 12, 2021
Guaidó declarou à imprensa, em seguida, que a invasão teria ocorrido após o sequestro de outro deputado da oposição, Freddy Guevara. Nas redes sociais, Guaidó disse que Guevara está desaparecido.
“Diferentemente de Freddy, que se encontra desaparecido, a presença dos vizinhos e cidadãos que foram à minha residência repeliu essa intimidação e a tentativa de me sequestrar”, escreveu. “Isso nós devemos replicar sempre para enfrentar a ditadura: união e mobilização.”
Nesta terça-feira 13, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, rebateu as declarações.
O chavista afirmou que Guevara não está desaparecido, mas preso por envolvimento no caso “Cota 905”, nome de um dos bairros controlados por facções criminosas de Caracas, segundo o governo. Os grupos estariam operando narcotráfico na zona da capital e realizando extorsões e sequestros.
Segundo Rodríguez, Guevara e Leopoldo López, famoso opositor de Maduro que hoje está na Espanha, comunicavam-se por WhatsApp sobre instruções relacionadas ao financiamento e o fornecimento de armas para uma gangue aliada. O presidente da Assembleia Nacional exibiu prints como provas durante coletiva de imprensa.
Rodríguez também aponta Guevara como um dos envolvidos nos planos de 7 de julho, data em que ocorreria um atentado contra Maduro. O presidente da Venezuela já foi alvo de ataques. Em 4 de agosto de 2018, drones explodiram repentinamente em um evento militar em Caracas no qual Maduro discursava, mas ele não ficou ferido. Em 22 de junho deste ano, o governo relatou o lançamento de quatro drones contra uma atividade do presidente em Carabobo. O ato, porém, teria sido neutralizado pelo serviço de inteligência.
O ministro da Cultura, Ernesto Villegas Poljak, sugeriu que o relato de sequestro de Guaidó seria mentiroso e disse haver contradição entre a data da publicação da esposa do opositor e a data registrada nos vídeos do circuito interno do edifício.
–¿Qué fecha tiene el video?
–11/07/2021.
–¿Qué día es hoy?
–12/07/2021
–No más preguntas, señor juez. pic.twitter.com/eXVR7b8qnM— Ernesto Villegas Poljak (@VillegasPoljak) July 13, 2021
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