Política
Joaquim Roriz, ex-governador do DF, morre aos 82 anos
Ele ficou marcado por sua política clientelista de distribuição de lotes e por escândalos de corrupção


Afastado da política há cerca de oito anos, o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, de 82 anos, morreu na quinta-feira 27 em decorrência de complicações de uma infecção pulmonar.
Com carreira iniciada nos anos 1960, e embalada por José Sarney, comandou o governo distrital por quatro mandatos. Nos anos 1980, ele foi um dos fundadores do PT na cidade de Luziânia, em Goiás, mas logo deixou o partido e se tornou um de seus principais adversários no Distrito Federal.
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As administrações de Roriz ficaram marcadas por obras faraônicas, pela política clientelista (com distribuição de lotes nas cidades próximas da capital federal para potenciais eleitores) e pelo seu envolvimento em múltiplos escândalos, a exemplo do caso dos Anões do Orçamento, nos anos 1990, e do “mensalão do DEM”, mais recentemente.
Reconhecido pelo estilo paternalista e por adotar uma linguagem acessível, Roriz recebia por muitos a alcunha de “pai dos pobres”.
Seu primeiro mandato como governador do DF veio por decisão de Sarney, em 1988. À época, a capital federal não elegia seus gestores. Roriz chegou a ocupar por 14 dias o Ministério da Agricultura e Reforma Agrária do ex-presidente Fernando Collor de Mello, mas deixou o cargo para disputar a primeira eleição para o Palácio do Buriti, sede do governo distrital.
Ele chefiou o executivo local entre 1991 e 1995. Em 1994, seu aliado, Valmir Campelo, foi derrotado na disputa pelo governo por Cristovão Buarque, à época no PT. Em 1998, Cristovam e Roriz concorreram ao Buriti. O petista era favorito poucos dias antes da eleição, mas perdeu fôlego na reta final após adotar postura agressiva e de superioridade contra Roriz em debate da TV Globo. O então peemedebista venceu sua segunda eleição, e seria reeleito no mandato seguinte. Em 2006, elegeu-se Senador.
Um ano depois, Roriz renunciou ao seu mandato para evitar uma cassação. Ele enfrentaria uma representação por quebra de decoro no Conselho de Ética do Senado por acusação de ter partilhado um valor irregular de 2,2 milhões de reais com o então presidente do Banco Regional de Brasília. Em 2010, ele foi condenado por improbidade administrativa após ser acusado de usar um helicóptero do governo para a ir a eventos públicos em 2006. Também naquele ano, teve seu nome envolvido no chamado “mensalão do DEM”, que resultou na prisão do então governador, José Roberto Arruda.
Em 2010, Roriz teve sua candidatura barrada pelo TSE com base na Lei da Ficha Limpa. Em vez de buscar um recurso no Supremo Tribunal Federal, ele preferiu desistir da candidatura e indicar sua mulher, Weslian Roriz. Despreparada, ela tentou continuar a campanha, mas sua fragilidade em debates e entrevistas facilitou a vitória de Agnelo, do PT.
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