Sociedade
Jovem é vítima de racismo após vencer concurso de beleza em MG
‘Esse negócio de inclusão social tá foda. É os preto é que tá mandando em tudo mesmo’, diz parte do áudio que circula WhatsApp


A jovem Maiza de Oliveira, de 19 anos, se tornou mais um alvo de racismo no Brasil após vencer um concurso de beleza em Santo Antônio do Amparo, em Minas Gerais. A injúria racial circulou em grupos de mensagem da cidade com áudios gravados por uma moradora da região. O concurso para escolher a nova ‘rainha’ da cidade aconteceu no último fim de semana.
Nos áudios, uma mulher se mostra indignada ao saber que Maiza foi a vencedora do concurso:
“Gente, eu estava na roça e agora que eu vi o resultado. Ah, vou contar uma coisa procês: esse negócio de inclusão social tá foda. É os preto é que tá mandando em tudo mesmo. É cota na escola, é cota aqui, é cota ali…”, diz o áudio que circula em grupos de Whatsapp.
A Polícia Civil de Minas Gerais abriu inquérito para apurar o caso e já identificou a mulher dos áudios. Em outro trecho, ela diz: “e os branco tá tudo levando tinta. Da próxima vez, nós tem que pular num tanque de ‘criolina’ e sair tudo pretinha, aí pode candidatar a qualquer coisa, que ganha”.
A jovem, segundo a emissora local EPTV, já registrou boletim de ocorrência e prestou depoimento à Polícia. À EPTV, Maiza contou também que horas antes do concurso acontecer já circulavam áudios debochando de sua aparência.
Em nota divulgada nas redes sociais, a prefeitura de Santo Antônio do Amparo lamentou e repudiou o episódio.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.