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Comissão da OEA investigará violação dos direitos humanos em protestos na Colômbia
Do total de queixas recebidas no período de análise, 73% apontam membros das forças públicas como responsáveis


A Comissão Interamericana de Direitos Humanos avaliará 584 supostos casos de violação dos direitos humanos durante os protestos na Colômbia, a maioria pelas forças públicas, anunciou a Defensoria do Povo nesta segunda-feira 7.
O escritório da Defensoria entregou à comissão, em visita ao país, um balanço das manifestações contra o governo de Iván Duque, que tiveram início em 28 de abril. O defensor do Povo, Carlos Camargo, afirmou que recebeu até o dia 3 de junho 417 queixas, as quais dão conta de 584 violações dos direitos humanos, segundo a transcrição oficial de sua declaração à CIDH.
“Do total de queixas recebidas no período de análise, 73% apontam membros das forças públicas como responsáveis. Dessa porcentagem, 98% são atribuídas à Polícia Nacional”, assinala o texto. Segundo o chefe da entidade, “as violações mais graves se traduzem em 58 supostos casos de homicídio”, dos quais 45 ocorreram no departamento do Valle del Cauca, que tem Cali como capital.
As manifestações acontecem diariamente, com intensidades diferentes e confrontos violentos entre civis e as forças públicas. A polícia está na mira da comunidade internacional, que denuncia excessos.
A CIDH, com sede em Washington e vinculada à Organização dos Estados Americanos, visitará Bogotá e Cali, as cidades mais afetadas pela crise. A chegada dos representantes da comissão à Colômbia coincide com o anúncio, no último domingo 6, de um plano do governo para reformar a polícia e sua política de direitos humanos.
A Defensoria do Povo também colhe informações da Fundação para a Liberdade de Imprensa sobre ataques a 233 jornalistas, segundo as quais “os agressores mais recorrentes são as forças públicas, às quais são atribuídos 53,73% dos casos”.
Os manifestantes exigem uma reforma da polícia e um Estado mais solidário para lidar com os prejuízos econômicos causados pela pandemia, que passa por seu pico letal em 15 meses de emergência sanitária. A organização mais visível dos manifestantes suspendeu as negociações com o governo e convocou novos protestos para esta quarta-feira 9.
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