Economia

A inovação na cadeia do petróleo e gás

Apesar da falta de competitividade sistêmica do Brasil, os ganhos de redução do custo podem ser expressivos para o desenvolvimento autônomo

A inovação na cadeia do petróleo e gás
A inovação na cadeia do petróleo e gás
Operação em plataforma de petróleo no Rio de Janeiro
Apoie Siga-nos no

A exploração do pré-sal poderá tornar o Brasil um dos grandes players globais de soluções tecnológicas. Na sexta-feira 13, mostrei parte da apresentação de João de Negri, diretor de Inovação da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) no Seminário Brasilianas sobre as redes de pesquisa do pré-sal. Nele, Negri enfatizava a importância, para o país dispor de autonomia tecnológica, do desenvolvimento de empresas de capital nacional.

Lançado recentemente, o programa Inova Empresas – de estímulo à inovação – tem como uma de suas principais pernas o Inova Petro, 3 bilhões de reais para desenvolvimento de tecnologia nas áreas de petróleo e gás. Trata-se de uma cadeia bastante extensa: começa na sísmica, vai até a petroquímica, podendo passar pela distribuição.

O primeiro passo foi definir as tecnologias críticas. Concluiu-se que seriam os produtos e serviços sob a lâmina d’água, especialmente dutos flexíveis, árvore de natal molhada, serviços e instalações.

A árvore de Natal molhada é a válvula que vai na cabeça do poço e faz todo o trabalho de separação do petróleo e gás.

Atualmente, todas as árvores de natal são produzidas por empresas estrangeiras. Existe uma empresa de capital nacional há quatro anos trabalhando no desenvolvimento de um similar. Caso a Petrobras encomendasse 20 árvores de Natal, explica Negri, ela conseguiria desenvolver a primeira etapa para profundidades de até 5 mil pés.

Recentemente, uma pequena empresa do Nordeste desenvolveu um duto flexível único. Em geral há a necessidade de um tipo de duto para cada modalidade de exploração. Ela conseguiu desenvolver um duto universal.

Expositor do seminário, autor do livro “Petróleo em águas profundas – uma história da tecnologia da Petrobras na exploração e produção offshore”, José Paulo Morais, do Ipea (Instituto de Pesquisas Aplicadas) identificou quatro fatores críticos a demandar pesquisas no setor: condições climáticas, geológicas e ambiente marinho;grandes distâncias, seja do poço à plataforma ou da plataforma ao continente; a invisibilidade das operações, em oceano profundo; os elementos contaminantes, como a viscosidade do petróleo.

O Brasil tem uma falta de competitividade sistêmica. Mas nessas áreas os ganhos de redução do custo podem ser tão expressivos que o desenvolvimento autônomo torna-se não apenas necessário, mas competitivo.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo