Política

‘É uma atuação medíocre’, diz senador que pede impeachment de Ernesto Araújo

Junto com Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) entrega nesta segunda-feira 29 pedido de afastamento do chanceler

‘É uma atuação medíocre’, diz senador que pede impeachment de Ernesto Araújo
‘É uma atuação medíocre’, diz senador que pede impeachment de Ernesto Araújo
Foto: MARCOS CORREA / BRAZILIAN PRESIDENCY / AFP
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A reação dos senadores ao ataque do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a Kátia Abreu será a apresentação de um pedido de impeachment do chanceler, nesta segunda-feira 29, no Supremo Tribunal Federal.

Redigido pelos oposicionistas Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o documento afirma que Araújo cometeu crime de responsabilidade ao dificultar, com sua atuação, a importação de vacinas para prevenir a Covid-19.

“É todo um conjunto de ações baseadas em uma visão ideológica de mundo que não é compatível com a atuação pública de um ministro de Estado”, diz Vieira em conversa a CartaCapital.

O pedido de afastamento do ministro diz que ele “vem conduzindo de maneira desastrosa” o Itamaraty, “causando enorme prejuízo para a população brasileira e afetando gravemente a imagem do Brasil no cenário internacional”.

“É uma atuação medíocre e ideológica, pois não conseguiu significativos no sentido de abrir portas para o País e se comporta como um porta-voz de um grupo sectário que está aí alinhado a setores do governo”, avalia o senador.

Entre os crimes de responsabilidade de que Araújo é acusado, estão:

– ato de hostilidade contra a China, ao tratar a Covid-19 como “vírus chinês e “comunavírus”, bem como sair em defesa institucional do deputado Eduardo Bolsonaro, imputando ao governo chinês os rótulos de ofensivo e desrespeitoso;

– agir de maneira indecorosa, indigna e incompatível com a honra do cargo, especialmente a partir de março de 2020, período inicial da pandemia;

– deixar de empreender os esforços necessários no plano internacional para conseguir as vacinas e os respectivos insumos em quantidade suficiente e em tempo hábil.

Leia a entrevista completa:

CartaCapital: O ataque à senadora Katia Abreu foi a gota d’água para o pedido de impeachment, senador?

Alessandro Vieira: Sim, pois se soma a todo o conjunto da obra. O fundamento está em dois pontos da lei que trata de crimes de responsabilidade: não se pode praticar ato hostil à nação estrangeira e não pode se portar em cumprir as regras básicas do decoro e da moralidade e o ministro descumpre isso cotidianamente, tanto quanto ataca países parceiros do Brasil, como a China, e mais ainda quando se refere de forma ofensiva e desrespeitosa a parlamentares e ex-chanceleres.

Portanto, é todo um conjunto de ações baseadas em uma visão ideológica de mundo que não é compatível com a atuação pública de um ministro de Estado.

CC: O pedido de impeachment não poderia ter sido apresentado antes?

AV: Nós no Brasil temos que dar um passo adiante nessa questão da institucionalização da gestão. As pessoas se elegem no Brasil e imaginam que podem adotar as condutas que o seu umbigo decide ou a sua ideologia pessoal decide, mas não é assim.

Nós temos uma série de parâmetros legais e a forma de se portar nas relações exteriores tem definições muito claras. Ela parte do princípio de neutralidade, de construção de pontes comerciais e geopolíticas e o ministro Ernesto vai na direção contrária, divulgando aquela linha da extrema-direita mais clássica.

CC: Os senhores colheram quantas assinaturas?

AV: O objetivo é não ter um número grande de assinaturas, porque o Senado mais adiante é quem julga. Portanto, não faz muito sentido ter muitas pessoas denunciando porque pode impactar a formação da quórum para julgamento.

CC:  Há algum crime que o senhor ache mais grave?

AV: A gravidade é idêntica porque [os crimes] são previstos no mesmo artigo. Sob o ponto de vista dos interesses nacionais, a prática de atos hostis a nações amigas é de uma gravidade imensa, pois tem repercussões comerciais e neste momento de pandemia tem repercussões ainda mais graves na saúde pública.

CC: Como o senhor avalia o desempenho do chanceler nesses anos de governo?

AV: É uma atuação medíocre e ideológica, pois não conseguiu significativos no sentido de abrir portas para o País e se comporta como um porta-voz de um grupo sectário que está aí alinhado a setores do governo.

CC: A que o senhor atribui a demora do governo em trocar o chanceler?

AV: A prerrogativa de escolha de ministro é do presidente da República. O que é fato é que a manutenção do ministro incompetente e irresponsável gera consequências negativas para o governo.

Senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) – Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

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