Cultura

Guegué Medeiros sonha em levar o forró para as salas de concerto

Músico diz que é preciso dar valor à zabumba, à sanfona e ao triângulo assim como se dá ao violino, cello e piano

Guegué Medeiros sonha em levar o forró para as salas de concerto
Guegué Medeiros sonha em levar o forró para as salas de concerto
Banda do Guegué Medeiros. Foto: Luan Cardoso/Divulgação
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Com o título de Ipueira dos Linhares, Guegué Medeiros apresenta no Youtube projeto do tradicional forró com repertório inédito, entre músicas instrumentais e cantadas. O nome da iniciativa é o mesmo de um povoado do interior da Paraíba, onde o músico frequenta desde criança.

No lugarejo, todo mundo é parente de Guegué. O forró fez parte de sua vida lá e por onde passou em seu estado de origem, nas salas de reboco, como Luiz Gonzaga cantava, onde o estilo musical toca por horas seguidas.

O projeto Ipueira dos Linhares foi criado a partir dessa vivência. “Foi pensando no sertão, inspirado no forró pé de serra, com uma linguagem para o mundo. Porque quando se fala em forró confundem muito e o relacionam a essa coisa que [o gênero musical] foi se transformando, estilizado”, conta o baterista, percussionista, compositor e produtor, que nasceu em João Pessoa.

“Você ouve os artistas que estão hoje como referência do forró, que as pessoas conhecem, não se sabe se é sertanejo, forronejo. Quando falo em forró, falo da raiz em Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Jacinto Silva”.

Guegué explica que o projeto foi montado com uma linguagem um pouco mais sofisticada, com piano. “Acredito que esse forró pé de serra pode estar em qualquer sala de concerto, festivais de jazz, indo além das salas de reboco”.

O artista tem apresentado o projeto em quatro edições, todas aos sábados, às 20h, no Youtube, com 11 músicas inéditas. Vai do dia dia 20 de março até 10 de abril.

No trabalho, o músico se apresenta com Danilo Moraes Doratiotto (voz e guitarra), Lau Trajano (baixo), Dido (voz e percussão), Olívio Filho (sanfona), Rafael Beibi (voz e zabumba) e Salomão Soares (piano e arranjos).

O paraibano, que já acompanhou muita gente do primeiro time da MPB e participou de vários festivais no exterior, tem dois álbuns solo lançados: Aos Meus (2011) e o Catabi (2017). O primeiro tem algumas obras cantadas por pessoas ligadas de alguma forma ao músico e o outro, instrumental, conta com a participação de Alexandre Ribeiro (Clarinete), Toninho Ferragutti (acordeon), Fi Maróstica (baixo), entre outros.

Zabumbando

Outro projeto, também viabilizado pelo Proac, que Guegué desenvolve para enaltecer as tradições originais do forró é o “Zabumbando”. Trata-se de uma série documental em três episódios sobre a zabumba.

O instrumento sempre esteve presente em seu set de percussão, mas, quando chegou em São Paulo, acabou estreitando laços. “Uma coisa que me chamou a atenção é que cada zabumbeiro tem uma forma diferente de tocar, uma levada. Essas coisas são passadas oralmente”.

Assim, resolveu registrar essa peculiaridade, conversando com mestres zabumbeiros e gravando as suas referências.

“Queria que dessem mais valor ao forró pé de serra. A gente precisa dar a mesma importância a zabumba, a sanfona e o triângulo que se dá ao violino, ao cello, ao piano nas salas de concerto”.

O documentário está previsto para ir ao ar em junho, pelo Youtube. Zé Pitoco, Dido Trajano e Eder ‘O’ Rocha são alguns mestres que participam desse projeto.

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