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Kassio Nunes sai em defesa de Moro e nega suspeição
‘Estranho seria que o juiz permanecesse completamente alheio’, disse; placar é favorável a Moro, mas ministros ainda podem mudar o voto
O ministro Kassio Nunes Marques votou contra o reconhecimento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro. Com isso, o placar na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal é de três votos pela rejeição do habeas corpus apresentado pela defesa do ex-presidente Lula (Edson Fachin, Cármen Lúcia e Kassio Nunes) e dois a favor (Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski).
Cármen Lúcia, entretanto, já sinalizou que pode mudar o seu voto, proferido ainda em 2018, antes de Gilmar pedir vista e de vir à tona o conjunto de diálogos entre Moro e a força-tarefa da Lava Jato.
“Estranho seria que o juiz, num processo criminal, permanecesse completamente alheio e indiferente ao réu e, no final, tivesse de julgá-lo nesse estado de aponia intelectual e judicial”, disse Kassio Nunes ao justificar o seu voto.
Na sequência, o ministro Gilmar Mendes, que já se manifestou pelo reconhecimento da suspeição de Moro, reforçou seus argumentos.
Ele se pronunciou logo após o voto de Kassio Nunes. Na reta final de seu discurso, o mais novo ministro da Corte disse que “todo magistrado tem a obrigação de ser garantista”.
Gilmar rebateu: “A juíza Fabiana Alves Rodrigues destaca o protagonismo das medidas de condução coercitiva que, pelo menos até antes das decisões do Supremo, eram utilizadas como programa de rotina para execração pública dos investigados ao arrepio da lei”, afirmou. “Isto, ministro Kássio, nada tem a ver com garantismo. Isto é uma indecência”.
“O uso recorrente da condução coercitiva, diz a juíza, para prestar depoimento sem prévia intimação tem por trás aparentemente a estratégia de constranger os investigados a prestar esclarecimentos”, completou Mendes.
A sessão continua. Assista:
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