Política

Delegados da PF ameaçam entregar cargos em protesto contra governo

Agentes falam em desmonte dos serviços públicos e tratamento desigual quando comparado ao dos militares

Foto: Agência Brasil (Foto: Agência Brasil)
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Uma carta assinada por delegados da Polícia Federal deve ser entregue ainda neste mês de março ao diretor-geral da corporação, Rolando Alexandre de Souza, com a promessa de renúncia aos cargos de chefia em protesto contra o governo do presidente Jair Bolsonaro.

O documento, divulgado primeiramente por Marcelo Auler e confirmado por CartaCapital, será enviado ao diretor no dia 28, data em que a PF completa 77 anos. No texto, os delegados afirmam que “não têm motivos para comemorar”.

“Dirigimo-nos a V.Exa. para colocar à disposição e nos recusar a assumir toda e qualquer função de chefia nesta Polícia Federal enquanto não houver um tratamento digno e similar ao dispensado aos militares, membros do Poder Judiciário, Ministério Público, Legislativo e outras instituições correlatas que merecem a mesma deferência desta Polícia Federal”, diz carta.

O governo federal, desde a aprovação da reforma da Previdência em 2019, enfrenta protestos de agentes de segurança pública. Eles alegam que são tratados de forma diferente em relação às Forças Armadas.

Na quarta-feira 17, integrantes da categoria realizaram uma carreta em Brasília contra as regras adotadas na PEC Emergencial, aprovada recentemente. Os policiais, assim como todos os servidores, ficarão sujeitos ao congelamento salarial caso as despesas da União, de estados e municípios cheguem a 95% da receita corrente.

Em conversa com CartaCapital, o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio Boudens, afirmou que Bolsonaro já perdeu metade do apoio que tinha junto aos agentes.

“Hoje, o discurso é de desânimo”, disse. “Policiais civis, militares, federais, peritos e outros estão todos decepcionados”, confirmou.

Na carta, os delegados protestam também contra a reforma administrativa, que altera regras da estabilidade dos funcionários públicos e cria 5 tipos de vínculos com o Estado.

Os profissionais de segurança pública também afirmam que a PF e o serviço público sofrem um desmonte “jamais visto com tal intensidade em governos anteriores”.

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