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OMS recomenda vacina de Oxford, esperança para países desfavorecidos

A vacina representa maioria das 337,2 milhões de doses que o sistema das Nações Unidas quer distribuir no primeiro semestre de 2021

OMS recomenda vacina de Oxford, esperança para países desfavorecidos
OMS recomenda vacina de Oxford, esperança para países desfavorecidos
João Aquino Filho (R), 71, é vacinado com vacina de Oxford na comunidade de Nossa Senhora Livramento, em Rio Negro, próximo a Manaus, Amazonas. Foto: MICHAEL DANTAS/AFP
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A vacina desenvolvida pela AstraZeneca com a Universidade de Oxford contra a Covid-19 pode ser aplicada em todas as pessoas maiores de 18 anos e em lugares onde circulam as variantes do vírus, informaram nesta quarta-feira 10 os especialistas da Organização Mundial da Saúde.

“Considerando todos os testes disponíveis, a OMS recomenda o uso da vacina em pessoas de 65 anos ou mais”, declarou o Grupo de Especialistas em Assessoria Estratégica sobre Imunização (SAGE).

Segundo eles, a vacina também pode ser utilizada em lugares onde “estejam presentes as variantes”, apesar de estudos recentes sugerirem que esse imunizante é menos eficaz contra a cepa detectada inicialmente na África do Sul.

Esta vacina representa a grande maioria das 337,2 milhões de doses de vacinas que o sistema das Nações Unidas, Covax, quer distribuir no primeiro semestre de 2021.

Graças a este sistema, quase 100 países poderão começar a imunizar os profissionais de saúde e as pessoas mais vulneráveis, vários meses após os países ricos.

Na semana passada, a eficácia dessa vacina de vetor viral foi questionada em pessoas maiores de 65 anos e em países onde circulam as variantes do coronavírus.

A vacina AstraZeneca/Oxford foi aprovada em vários países e na União Europeia. Alguns governos, no entanto, preferiram recomendar seu uso apenas para pessoas menores de 65 anos, ou até mesmo de 55, devido à falta de dados suficientes sobre sua eficácia nos mais idosos.

Além disso, no domingo a África do Sul informou que um estudo mencionava a eficácia “limitada” dessa vacina contra a variante detectada nesse país, considerada mais contagiosa e em grande parte responsável pela segunda onda da epidemia na região.

Em suas recomendações, o grupo de especialistas indicou que “este estudo foi projetado para avaliar a eficácia (da vacina) contra todas as formas de gravidade da doença, mas o pequeno tamanho da amostra não permitiu avaliar a eficácia da vacina contra as formas graves da Covid-19 de forma específica”.

“Levando isso em conta, a OMS recomenda o uso da vacina AZD1222 (…), apesar de as variantes estarem presentes no país”, afirmou o grupo.

Até o momento, a vacina da AstraZeneca/Oxford apresenta uma eficácia média de 70%, menor que a da Pfizer/BioNTech e da Moderna, que induzem uma imunidade acima de 90%.

Nos próximos dias, a Organização das Nações Unidas focará na certificação de emergência da vacina desenvolvida em conjunto pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford e produzida na Índia e Coreia do Sul.

A decisão está prevista para meados de fevereiro.

Este procedimento, que a OMS pode usar em caso de emergência sanitária, permite aos países que não possuem necessariamente os meios para determinar sozinhos e rapidamente a eficácia e segurança de uma vacina, ter acesso mais rápido aos tratamentos.

O procedimento também permite que a Unicef, a agência da ONU encarregada por uma parte importante da logística de distribuição das vacinas contra o vírus da imunodeficiência humana em todo o mundo, comece a distribuição.

A vacina Pfizer/BioNTech é, até o momento, a única que recebeu a aprovação de emergência da OMS, em 31 de dezembro.

Os especialistas da OMS também declararam que são contra a vacinação contra a covid-19 servir para facilitar as viagens internacionais, segundo um documento divulgado hoje.

“No período atual, onde só existem poucas vacinas disponíveis, um tratamento preferencial para os viajantes internacionais iria contra o princípio de igualdade”, explicam os especialistas, apesar da pressão de muitos países para introduzir passaportes de vacinação.

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