Mais Admiradas
Projeto premia o elemento subjetivo que cria a admiração
Em paralelo ao desejo de inovação, cresce a demanda pela ética, o que pode indicar novas mudanças centradas nessa percepção


Temos apontado, desde 2009, como a inovação e a demanda pelo novo impactam a trajetória das Empresas Mais Admiradas e mudam o ranking. Quase do nada, mas, clara e fortemente, Apple e Google emergiram entre os gigantes brasileiros como as Empresas Mais Admiradas. E essa é a riqueza deste projeto. Premia-se não o porte da empresa na economia nacional ou a performance econômica no ano, mas o elemento subjetivo que cria a admiração.
Observamos, nos últimos anos, uma mudança muito importante na estrutura da Admiração. Ganham posição no ranking empresas como Apple, Google e Itaú, e perdem, praticamente desaparecem, companhias como Petrobras e Vale. Os gráficos mostram a evolução da admiração dessas empresas.
Como podemos associar essa ascensão à inovação? É simples. Fica muito claro como Apple, Google e Itaú ganham posições no ranking das Mais Admiradas, ao mesmo tempo que cresce a sua associação a empresas mais inovadoras, como demonstram os respectivos quadros. Por outro lado, sem nenhuma surpresa a associação da Petrobras e Vale como empresas inovadoras, que sempre foi baixa, simplesmente desaparece.
Como dizíamos, a mudança é permanente. Algumas vezes não perceptível, mas ela ocorre, sempre, avassaladora, nos subterrâneos do aparente. A ascensão da Apple ou do Google como a empresa mais admirada, centrada na inovação, pode parecer óbvia e gerar uma onda de conforto e/ou conformismo pela “impossibilidade” de ultrapassar os seus produtos ou serviços inovadores. Inovação em produto, baseado na tecnologia, é uma dimensão possível, mas não a única. Para mim parece óbvio, mas não vejo de tão fácil compreensão assim para as empresas brasileiras. Lembro-me de um estudo sobre o significado da inovação em outra área de negócio e ele era fundamentalmente “mudança nos padrões de relacionamento”.
Os padrões de relacionamento em vários setores da economia brasileira com os consumidores estão tão envelhecidos e cristalizados que, para eles, a mudança deste padrão representaria a grande inovação esperada. Nosso mercado é mais primário. A transformação dos padrões de relacionamento com os clientes, nos serviços prestados representaria uma verdadeira inovação que, com certeza, constrói inovação.
Mas, independentemente disso, uma nova onda cresce, a da demanda pela ética. Baseado nos aprendizados dos últimos 17 anos de realização deste projeto, me atreveria a dizer que novas mudanças virão, centradas na percepção da ética das empresas, como mostram os gráfico sobre este tópico.
*Presidente da Officina Sophia
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