Saúde

‘Não temos bola de cristal’, diz assessor da Saúde sobre crise em Manaus

Resposta rápida teria sido ‘tecnicamente impossível’ de fazer devido ao dia em que se avisou sobre a falta de oxigênio, justificou general

‘Não temos bola de cristal’, diz assessor da Saúde sobre crise em Manaus
‘Não temos bola de cristal’, diz assessor da Saúde sobre crise em Manaus
Foto: Michael DANTAS/AFP
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O general Ridauto Fernandes, que atua como assessor do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde, afirmou que a pasta foi informada sobre a provável crise de oxigênio em Manaus (AM) somente no dia 8 de janeiro de 2021.

“Não temos bola de cristal”, disse em reunião com a Comissão Externa de Ações Contra o Coronavírus da Câmara dos Deputados na quinta-feira 28.

“Quando a empresa levantou a mão para dizer que o problema era grave, as reservas já estavam muito baixas, duraram mais alguns poucos dias e acabaram. E, nesses poucos dias, a reação que se desencadeou, ela tecnicamente foi impossível fazer”, justificou Fernandes.

Para o presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do estado (Cosems-AM), Franmartony Firmo, um problema crônico é a concentração dos procedimentos de média e alta complexidade na capital. Segundo ele, não há UTIs nos 61 municípios do interior, que somam uma população de 2 milhões de habitantes.

O general Fernandes afirmou ainda que considera a crise de oxigênio como o gargalo do colapso em Manaus. “Abre o leito, bota o paciente e ele vai morrer asfixiado no leito. E aí, vai adiantar abrir o leito?”, argumentou.

Na reunião, o secretário estadual de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, informou que a demanda de oxigênio passou de 30 mil para 75 mil metros cúbicos diários. Já o Ministério da Saúde espera que o fornecimento chegue a 120 mil metros cúbicos por dia em, no máximo, duas semanas.

“Temos uma estimativa de que vamos precisar de mais oxigênio, porque no interior do Amazonas está crescendo a pandemia e o vírus está se espalhando de novo para o interior do estado”, declarou Campêlo.

O secretário disse ainda que “há uma preocupação grande porque a logística de oxigênio para o interior é mais complicada”.

O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), que atuou como Ministro da Saúde, contestou quais são os estudos feitos em Manaus para identificar o potencial de contaminação da nova cepa do coronavírus.

“Baseado em quais dados, é muito importante que se esclareça, está se afirmando que esta cepa tem uma maior progressão, uma maior letalidade, que acomete mais gestantes e acomete mais crianças? Quais medidas o Ministério da Saúde e as autoridades do Amazonas estão tomando para o enfrentamento da pandemia? Está sendo feito estudo epidemiológico do risco?”, questionou.

Em resposta, Fernandes afirmou que a Secretaria de Vigilância Sanitária estaria “buscando as soluções”, mas que já consideravam a cepa mais agressiva por considerar que “não dá para esperar a pesquisa”.

“Quando temos dúvida se a cepa é mais ou menos agressiva, consideramos que ela é mais agressiva. Vamos atuar na direção de solucionar o problema de uma cepa que ainda não tem comprovação, mas que pode sim ser mais agressiva”.

*Com informações da Agência Câmara

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