Saúde

Brasil identifica primeiros casos de coinfecção por linhagens distintas do coronavírus

Descoberta torna ainda mais urgente um amplo programa de vacinação contra a Covid-19, alerta especialista

Brasil identifica primeiros casos de coinfecção por linhagens distintas do coronavírus
Brasil identifica primeiros casos de coinfecção por linhagens distintas do coronavírus
Foto: Istockphotos Foto: Istockphotos
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Pesquisadores do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro descobriram os primeiros casos de coinfecção pelo novo coronavírus no Brasil. Trata-se de uma infecção simultânea por vírus com genomas distintos em uma mesma pessoa.

 

O trabalho foi realizado pelo Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo (RS), e pelo Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica, de Petrópolis (RJ). Foram selecionadas 92 amostras de pacientes entre 14 e 80 anos, sendo 50% homens e 50% mulheres.

O estudo também confirmou a disseminação generalizada no sul do País de uma variante conhecida como E484K, mesma mutação do novo coronavírus identificada no Rio de Janeiro em dezembro.

Os dois casos de coinfecção foram registrados no final de novembro. A preocupação dos especialistas decorre do fato de que a mistura de genomas de diferentes vírus coinfectando um mesmo indivíduo é um dos fenômenos que estão na base da evolução do coronavírus.

Segundo a Feevale, não é possível afirmar que uma coinfecção tenha maior potencial de provocar formas graves da Covid-19. Ambos os pacientes apresentaram um quadro “de leve a moderado” e se recuperaram sem a necessidade de hospitalização.

Em contato com CartaCapital, o coordenador do trabalho no Laboratório de Microbiologia Molecular da Feevale, Fernando Spilki, afirma que o principal alerta neste momento não é sobre a situação clínica.

“É a possibilidade, ao coinfectar a mesma pessoa, de esses vírus sofrerem um processo de recombinação, ou seja, gerarem uma terceira linhagem pela formação de um novo genoma baseado nesses dois genomas que estavam infectando a mesma pessoa. Se esse novo genoma juntar as mutações que davam vantagens, possibilidades de transmissão melhorada para essa nova linhagem que se originou, é uma maneira de o vírus evoluir mais rapidamente”.

Segundo Spilki, a descoberta de variantes que poderiam escapar à neutralização por anticorpos formados com outras linhagens escancara a urgência de um amplo plano de imunização contra a Covid-19. “O programa de vacinação mais abrangente possível, mais acelerado possível, justamente para tentar evitar essa diversificação grande do vírus do ponto de vista genômico, que aí, sim, pode nos provocar problemas no futuro, em relação até à eficácia das vacinas”.

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