Saúde

Mesmo com ampla campanha, vacinação se estenderá por no mínimo um ano, diz estudo

Pesquisadores listam recomendações para ‘medidas duras de controle’ da pandemia e alertam para riscos de reabertura de atividades

Mesmo com ampla campanha, vacinação se estenderá por no mínimo um ano, diz estudo
Mesmo com ampla campanha, vacinação se estenderá por no mínimo um ano, diz estudo
Profissional de saúde Margarida Maria Honorio é vacinada em Minas Gerais. Foto: DOUGLAS MAGNO/AFP
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Mesmo com ampla campanha, a vacinação contra a Covid-19 deve se estender por no mínimo um ano e não necessariamente evitará um elevado número de casos e mortes, segundo estudo apresentado nesta terça-feira 19 por um grupo de sete pesquisadores da UnB, Unifesp, Uneb, UFSJ e IFBA e do Cimatec/Senai.

 

Na nota técnica “Situação da Pandemia de Covid-19 no Brasil e impactos da campanha de vacinação”, os especialistas afirmam que vacinar apenas as pessoas com idade superior ou igual a 60 anos não é o suficiente para conter efetivamente a pandemia. Seria necessário imunizar indivíduos com um número de contatos muito maior que a média da população, como professores, condutores de transporte público e caixas de supermercado.

O cenário do estudo simula uma campanha de imunização em que o país contaria com 250 milhões de doses de vacina por ano, o que englobaria 125 milhões de pessoas, já que são duas doses por indivíduo.

Para Tarcísio Marciano, físico e um dos responsáveis pela pesquisa, o Brasil precisaria de pelo menos 300 milhões de doses para concluir a vacinação em 2021. Ele também destaca que não se sabe quanto tempo durará a proteção pela vacina, nem se ela impedirá alguém de transmitir o vírus, mesmo que não desenvolva a doença.

“O fato é que não haverá campanha em massa em um período de poucos meses. Será necessário vacinar bem mais da metade da população, e é isso que vai tomar tempo”, afirmou o professor.

O estudo diz que serão imprescindíveis as medidas mais duras de controle, para reduzir o índice de contágio. Para os especialistas, “a abertura de atividades ainda suspensas pode acelerar ainda mais o crescimento da pandemia“. O retorno completo às atividades escolares, por exemplo, seria suficiente para causar um aumento de 10% no índice de contágio, “o que resultaria em uma forte piora dos indicadores”.

Os estudiosos listaram recomendações:

  • Adotar medidas de contenção de contatos sociais;
  • Planejar uma campanha de vacinação em massa, com o maior número de doses no menor intervalo de tempo possíveis;
  • Não restringir a vacinação apenas à população acima de 60 anos;
  • Correlacionar projeções de campanhas de vacinação para unir a capacidade de distribuição das vacinas à imunização propriamente dita;
  • Implementar um sistema de logística que envolva a fabricação, a compra, a distribuição e o armazenamento das vacinas e todos os insumos pertinentes;
  • Mobilizar profissionais capacitados, com a montagem e a coordenação de equipes, para atuar nos três níveis federativos;
  • Centralizar a coordenação no governo federal para monitorar a fabricação, a compra e o planejamento de vacinação nos estados;
  • Realizar extensas campanhas de informações sobre cuidados essenciais, como o uso de máscaras e o distanciamento social;
  • Basear decisões nas melhores evidências científicas disponíveis;
  • Desistir de atingir a imunidade de rebanho, algo “inaceitável do ponto de vista ético e humano, pois resultaria numa enorme perda de vidas”.

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