Sociedade

Delivery online entrega 30 “jumbos” por semana

Regras são arbitrárias e variam segundo diretor de disciplina de cada unidade

Delivery online entrega 30 “jumbos” por semana
Delivery online entrega 30 “jumbos” por semana
Serviço Jumbo CDP atende unidades prisionais do estado de São Paulo
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Dono de uma confecção de roupas, o empresário Sebastião Pereira Júnior teve de lidar, certa vez, com uma tarefa inusitada: fazer o uniforme do filho de uma conhecida que acabara de ser preso. Foi quando a fábrica de roupas infantis em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, começou a ser transformada em sua maior fonte de renda hoje: o serviço delivery de “jumbos”, a lista de produtos alimentícios, de higiene e uso pessoal que os presos são autorizados a receber nas unidades prisionais.

“Percebi que as exigências para a roupa e alimentos que podiam ser entregues no CDP onde estava, em Mogi das Cruzes, eram muitas, e que a maioria dos familiares de presos não tinha conhecimento sobre as restrições e procedimentos”, afirma Júnior. “Decidi fazer um blog para auxiliar essas famílias. A ideia era colocar a lista do jumbo, escrever sobre o que cada unidade pedia.”

Como já vendia pela internet as peças de uniforme exigidas pelas unidades prisionais, o empresário achou que não custaria comercializar também os outros itens, assim como o serviço de entrega. “Hoje entregamos o jumbo em todos os CDPs e penitenciárias do estado de São Paulo”, conta sobre o total de 150 unidades. “Cada uma tem uma regra disciplinar, que varia de acordo com o diretor e pode mudar de um dia para o outro.”

O empresário, que faz uma média de 30 entregas semanais, conta que as razões por trás das regras são aleatórias. “Tem certas coisas que não entendo. Por exemplo, a gente não pode mandar salgadinho de pimenta, mas pode o de calabresa. Ou pode enviar suco de laranja e limão em pó, mas não o de maracujá”, contou.

A mesma arbitrariedade é observada em relação à entrada de livros, jornais e revistas, afirmou Júnior. “Livro de capa dura nunca deixam entrar. Revista semanal é difícil e, muitas vezes, proibida”, contou. “Muitas coisas a gente não consegue entender a razão, mas temos de obedecer.”

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