Sociedade
Audiência cobra apoio às famílias de vítimas de chacina
Os assassinatos ocorridos no Jardim Rosana, zona sul de São Paulo, teriam sido responsabilidade de policiais


Nesta sexta-feira 31, às 14 horas, será realizada uma audiência pública no Jardim Rosana, zona sul de São Paulo, para discutir as investigações e os desdobramentos da chacina que, em 4 de janeiro de 2013, teve como vítimas sete homens entre 17 e 41 anos que frequentavam um bar do bairro por volta das 23 horas.
As investigações relacionaram nove policiais militares como responsáveis pelos assassinatos, que chegaram a ser presos. Na ocasião, testemunhas viram os PMs recolher cápsulas e adulterar a cena do crime. Uma das vítimas havia, em novembro de 2012, ajudado a denunciar a morte do servente Paulo Batista do Nascimento, na qual também estavam envolvidos policiais.
Tiago Vinicius, 24 anos, agente cultural e integrante da Agência Solano Trindade, diz que a audiência pretende cobrar das autoridades convidadas maior apoio às famílias das vítimas. “Morreram homens que participavam das rendas dessas famílias. Desde então, ninguém teve apoio psicológico ou financeiro” conta.
Segundo Vinícius, esses familiares vivem reclusos e com medo de represálias policiais. Chegam a não participar das discussões públicas sobre o caso e provavelmente, mesmo sendo os principais interessados nas discussões, não aparecerão na audiência. Somente a mãe de uma das vítimas deve aparecer: ela prossegue com investigações particulares sobre a morte de seu filho na chacina, por não se conformar com a demora do poder público em solucionar o caso. Vinícius diz que ela teve de trocar de carro e de casa e prefere, por segurança, não ter seu nome divulgado.
Foram convidados diversos grupos e movimentos sociais – como o Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra e Pobre e o Mães de Maio – para a audiência, além do prefeito Fernando Haddad (PT) e dos secretários municipais Rogério Sottili (Direitos Humanos e Cidadania) e Netinho de Paula (Promoção da Igualdade Racial). Os secretários serão questionados quanto ao andamento das investigações e ao apoio às famílias. “Não é justo que a população da periferia viva essa situação de cárcere social. Nós não podemos ficar na rua à noite porque a gente pode morrer, enquanto os playboys ocupam o espaço que eles quiserem” afirma Thiago.
A audiência “Quanto vale ou é por tiro?” acontece na Quadra Dora Juacris, que fica na rua Reverendo Peixoto da Silva, Jardim Rosana, São Paulo. Para mais informações, entrar em contato nos telefones 5841-4392 e 2307-7416 ou e-mail observatoriopopulardedireitos@gmail.com.
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