Cultura

Shôhei Imamura no “É Tudo Verdade”

Ainda dá tempo de conferir a mostra de estudos documentais do cineasta japonês Shôhei Imamura em São Paulo

Shôhei Imamura no “É Tudo Verdade”
Shôhei Imamura no “É Tudo Verdade”
Em Um Homem Desaparece, Imamura assume na tela a atitude de mediador e interrogador
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Com fábulas humanistas, o cineasta japonês Shôhei Imamura (1926-2006) apresentou ao mundo sua capacidade de refletir e emocionar, e no Brasil não foi diferente. Os anos 80 assistiram ao triunfo de A Balada de Narayama, Palma de Ouro em Cannes, e à incômoda lembrança de Hiroshima em Chuva Negra. Depois, A Enguia, com reedição do prêmio francês, e Água Quente Sob uma Ponte Vermelha, comoveram entre o dramático e o místico. No centro dos filmes está o homem, suas aflições e decisões, que Imamura atentava nos estudos documentais. É esta parcela desconhecida de seu cinema que o 19º Festival É Tudo Verdade (www.etudoverdade.com.br) revela entre sexta 4 e dia 13, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo.

São seis documentários realizados entre 1967 e 1975, a maioria para a tevê japonesa. Exceção a Os Piratas de Bubuan, relato de pescadores filipinos sob ataque de bandoleiros, os demais investigam aqueles que não se encaixaram na nova ordem de modernidade no Japão do pós-Segunda Guerra.

Nesse sentido, Um Homem Desaparece é sintomático. Imamura inquire sobre o sumiço de um vendedor ao chefe deste, amigos e familiares. Assume na tela a atitude de mediador e interrogador.

Assim é o dispositivo adotado em Karahuki-san, A Fabricação de uma Prostituta, na conversa com uma senhora enviada à Malásia para exercer a prostituição entre soldados. Assim é no contraponto dos que serviram ao país e decidiram não retornar a ele, tema da trilogia Em Busca dos Soldados Foragidos na Malásia, Em Busca dos Soldados Foragidos na Tailândia e O Brutamontes Regressa à Pátria. Neste último, o diretor toma a atitude mais intrusiva, ao convidar Matsu Fujita a voltar ao Japão e reencontrar o irmão que o renegava.

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