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‘Sem o SUS, é a barbárie’: especialistas rechaçam corte de recursos na Saúde

Drauzio Varella, Alexandre Padilha, Marcos Boulos e Arthur Chioro falam sobre a importância do Sistema Único de Saúde na pandemia

‘Sem o SUS, é a barbárie’: especialistas rechaçam corte de recursos na Saúde
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A pandemia de coronavírus não irá acabar da noite para o dia – nem com a vacina -, mas a tragédia brasileira de mais de 150 mil mortos só não foi pior pela existência do Sistema Único de Saúde (SUS). O futuro do maior programa de acesso universal à saúde do mundo, porém, encontra barreiras no Brasil.

Essas foram algumas das conclusões e a principal temática da edição desta quarta-feira 14 do Diálogos Capitais, exibido no canal de CartaCapital [assista completo abaixo]. O primeiro programa especial sobre a pandemia discutiu os rumos da vacina contra a Covid-19 e quais estudos são promissores no campo dos tratamentos contra a doença.

Além da continuidade do atendimento aos pacientes da Covid-19, preocupa também a previsão de um grande corte no orçamento do SUS para 2021, já que, em 31 de dezembro, acaba o estado de calamidade pública que permitiu a flexibilização do teto de gastos no País.

Para o médico, ex-ministro da Saúde e atual deputado federal pelo PT, Alexandre Padilha, será impossível lidar com os casos de coronavírus no ano que vem, antes e depois da vacina, e com o atendimento à saúde básica sob a égide do limite fiscal, que planeja retirar 35 bilhões do Ministério da Saúde. Os parlamentares precisam aprovar o Orçamento até o fim do ano.

“Nós não vamos ter recursos para pensar uma estratégia vacinal, para manter os serviços – estamos trabalhando com a ideia que a pandemia não acaba esse ano”, disse Padilha.

Já o infectologista Marcos Boulos, que integra o Centro de Contingenciamento do Coronavírus do estado de São Paulo, ressalta que o processo de um desmonte da saúde pública está em construção há anos, e que a pandemia expôs o estado de fragilidade que foi imposto ao SUS.

“De 2017 para 2019, perdemos no SUS 2 bilhões de reais. Isso retratou-se com 30% dos leitos fechados. De repente, uma emergência de uma pandemia. É preciso repor tudo aquilo que não fizeram durante muito tempo”, acrescenta.

“O SUS conseguiu dar conta do recado nas piores condições possíveis. Faltava tudo, e nós conseguimos aparelhar o SUS do jeito que foi possível. É a prova que esses sistema tem condições de funcionar melhor.”, complementou o oncologista Dráuzio Varella, que destacou, também, o sistema de saúde como um motivo de orgulho nacional e responsável por mais distribuição de renda do que o programa Bolsa Família.

Para além da necessidade de uma coordenação da vacinação de forma responsável e não politizada – apesar das desconfianças geradas pelo desmonte do Ministério da Saúde sob a gestão de Eduardo Pazuello -, os especialistas ressaltaram a importância dos agentes de saúde comunitária agora e no pós-pandemia.

“O Brasil tem um exército de agentes da saúde da família, e a gente precisa urgentemente garantir e fortalecer essas equipes de saúde família: dar na mão um oxímetro, treiná-las para que possam identificar as pessoas que estão com sequelas.”, disse Padilha.

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