Sociedade

Defensor que moveu ação contra programa de trainee do Magazine Luiza pede afastamento

Jovino Bento Júnior afirmou sofrer ameaças de morte desde que moveu processo. Defensor pede manutenção de salário e proteção policial

Foto de divulgação do processo seletivo para trainee da Magazine Luiza (Foto: Divulgação/99Jobs)
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O defensor público da União Jovino Bento Júnior, que moveu uma ação contra o programa de trainee para negros do Magazine Luiza, pediu afastamento do cargo, manutenção do salário e proteção policial, por estar sofrendo ameaças de morte. As informações forma divulgadas na terça-feira 13 pelo O Globo.

 

No documento obtido pelo jornal, o defensor afirma que passou a receber ameaças e ataques.

“E em meio a esse caldo efervescente e sem qualquer intervenção ou providência, de qualquer destas instâncias, o ódio só cresceu. O que poderia ter sido evitado com a ação tempestiva e correta não o foi. E assim passei a receber ameaças de atentado contra a minha vida, tanto quanto contra a minha família”, afirmou Jovino.

No pedido de afastamento, o defensor anexou o que seria uma dessas ameaças feitas pela internet. Um homem diz que iria “descarregar duas pistolas” em sua cabeça.

Ele ainda teceu críticas a militantes e a políticos do Partido dos Trabalhadores (PT) que, segundo ele, estariam tentando cercear sua autonomia funcional.

No pedido de afastamento, Jovino também pede a manutenção dos seus vencimentos, de aproximadamente 24 mil reais por mês.

O defensor moveu ação contra a empresa alegando que a definição de vagas exclusiva para negros viola a Constituição Federal, criando o que ele classificou como “racismo reverso”.

A ação pede aplicação de multa de 10 milhões de reais caso o processo tenha prosseguimento. O processo tramita na Justiça do Trabalho.

MPT rejeitou denúncias por racismo

Pelo menos 11 denúncias contra o trainee para negros do Magazine Luiza chegaram ao Ministério Público do Trabalho em São Paulo, que as julgou como indeferidas. Para o MPT, não houve violação trabalhista, mas sim uma ação afirmativa de reparação histórica.

Para o MPT, a política da empresa é legítima e não existe ato ilícito no processo de seleção, já que a reserva de vagas à população negra é plenamente válida e configura ação afirmativa, além de “elemento de reparação histórica da exclusão da população negra do mercado de trabalho digno”.

Essa exclusão, segundo o Ministério Público, se traduz na falta de oportunidades de acesso ao emprego, na desigualdade de remuneração e na dificuldade de ascensão profissional, “quando comparado aos índices de acesso, remuneração e ascensão profissional da população branca”.

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