Saúde
Com “kit Covid”, Ministério da Saúde planeja “Dia D” de enfrentamento ao coronavírus
Pasta quer entregar medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, sem eficácia comprovada contra a doença
O Ministério da Saúde vai realizar um “Dia D” de enfrentamento à Covid-19 em 3 de outubro com o intuito de divulgar informações sobre tratamento precoce e medicar pacientes. A pasta prevê a entrega de medicamentos do chamado “kit Covid” para a população, que reúne cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina. Vale lembrar que nenhuma das medicações tem comprovação científica para o tratamento da doença.
A pasta espera que o presidente Jair Bolsonaro fale do evento em sua tradicional live das quintas-feiras nas redes sociais. Um dia antes do evento, Bolsonaro também deve fazer um pronunciamento em cadeia nacional.
Sem dar detalhes, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, divulgou o evento na quinta-feira 24 durante reunião com gestores de estados e municípios. “É um esforço nacional que o SUS está fazendo para divulgar melhores práticas, para que possamos salvar mais vidas”, disse. Pazuello afirmou que há “pessoas sendo iludidas no País” sobre o tratamento. “Até hoje você encontra cartazes dizendo: está com Covid, fique em casa até ter falta de ar.”
Embora tenha dito que as ações ainda estão sendo planejadas, o ministério pretende anunciar o “Dia D” com cartazes em locais de alta circulação, como aeroportos, shoppings, academias e restaurantes. Uma camisa com o slogan do evento e máscaras personalizadas também devem ser produzidas.
O governo Bolsonaro defende que a base do tratamento seja o uso do chamado “kit Covid”, opinião distinta à de diversos secretários locais. A divergência envolvendo os protocolos sobre a Covid-19 e a prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada levaram à saída de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich do Ministério da Saúde.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
“Desastre e omissão”: Ex-ministros da Saúde avaliam gestão de Pazuello
Por Ana Luiza Basilio
Pazuello exonera responsáveis por incluir Covid-19 entre doenças do trabalho
Por CartaCapital



