Política
Aos 20 anos, Carlos Bolsonaro comprou apartamento e pagou em dinheiro vivo, diz jornal
Outra prática investigada pela Justiça é a autodoação feita pela família do presidente para sustentar campanhas políticas
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) realizou a compra de um imóvel em 2003 e pagou o valor de 150 mil reais em dinheiro vivo. À época, com 20 anos, o filho do presidente já ocupava uma vaga na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
A informação foi divulgada pelo Estado de S. Paulo, que teve acesso a escritura do imóvel que fica na Rua Itacuruçá, na Tijuca, e ainda pertence ao parlamentar. O documento diz que o apartamento foi pago em “moeda corrente do País, contada e achada certa”.
Carlos é investigado por suspeita de nomear no seu gabinete funcionários que lhe repassariam, totalmente ou em parte, seus salários. Ao todo, 11 servidores estão sob investigação do Ministério Público. A maioria é ligada a Ana Cristina Siqueira Valle, que não é mãe de Carlos, mas foi casada com o pai do vereador.
Fazer uma compra e pagar em dinheiro vivo não é considerado crime, mas costuma ser apontada como indício de suposta lavagem de recursos, já que não deixa rastro no sistema financeiro se não passar por um banco.
Dinheiro vivo sustentou campanhas da família Bolsonaro
Outra prática investigada pela Justiça é a autodoação em dinheiro vivo feita pela família Bolsonaro para sustentar campanhas.
No total, foram injetados 100 mil reais em espécie nas campanhas eleitorais da família de 2008 a 2014 —corrigidos pela inflação, os valores chegam a 163 mil.
As transações foram descobertas pelo jornal Folha de S. Paulo nos processos físicos das prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral.
Reportagens e dados obtidos por órgãos de investigação mostraram que a família do presidente, especialmente na figura do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), já movimentou mais de 3 milhões em dinheiro vivo nos últimos 25 anos.
Entre as operações em espécie, segundo as apurações, estão a compra de imóveis, a quitação de boletos de planos de saúde e da escola das filhas de Flávio, o pagamento de dívidas com uma corretora e depósitos nas contas da loja da Kopenhagen da qual o senador é dono.
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