Política
Vereador de Bragança Paulista é advertido após cheirar calcinha durante sessão
Um coletivo de mulheres percussionistas, no entanto, organizou petição pela cassação do parlamentar. A ação reuniu mais de mil assinaturas
A Câmara de Vereadores de Bragança Paulista decidiu aplicar uma advertência simples ao vereador Benedito Franco Bueno (PSC), conhecido como Ditinho do Asilo. O parlamentar apareceu em uma sessão ordinária remota segurando uma calcinha vermelha. Em um momento, ele cheira a peça. A cena, que aconteceu em junho, viralizou nas redes sociais.
No momento, os vereadores Fabiana Alessandri (PSD) e Quique Brown (PV) debatiam a necessidade do corte de eucaliptos na cidade. O vereador Maufid Doher (Podemos) tenta alertar o colega, mas, segundos depois, Ditinho vira a câmera, sem comentar o ocorrido, com o microfone desligado.
Mais um episódio das cenas lamentáveis que acontece na política, Vereador cheira calcinha em sessão online em São Paulo e pode até perder o cargo. Mais um detalhe: adivinha em quem ele apoiou para presidente? O vereador é do Partido Social Cristão (PSC). pic.twitter.com/JskabyxMlR
— Barbudinho 🌹 (@oBarbudinho) June 25, 2020
O coletivo Batuque Raízes da Nega, de mulheres percussionistas, criou um abaixo-assinado solicitando a cassação do vereador. A ação já tinha mais de mil assinaturas, mas o pedido não interferiu na decisão da Câmara. A petição, no entanto, continua em curso.
“Além da falta de decoro parlamentar, a situação implica em grave violação dos direitos humanos das mulheres, já que representa o total menosprezo, ridicularização e falta de respeito à fala e participação das mulheres em espaços públicos de poder. Até quando as mulheres serão violentamente desrespeitadas nas ruas, em suas casas, em seus ambientes de trabalho, em espaços de poder, etc, e os autores de tais violências continuarão impunes?”, diz trecho da petição.
Procurado pela reportagem do Universa, Ditinho se justificou e negou que o ocorrido represente dolo ou desrespeito às mulheres. “Eu nunca tinha visto uma calcinha de sex shop, comestível. Aceitei aquele presente de um amigo de uma forma muito bacana. A Câmara, dentro de uma visão jurídica legal, proporcional e razoável, julgou meu entendimento de maneira correta. Eu nem sabia o que era aquilo [a calcinha], foi ingenuidade minha”, justificou.
“Algumas [mulheres] entenderam de uma forma muito equivocada, mas outras compreenderam a situação e sei que vão me ajudar de novo na campanha”, completou.
Ditinho é candidato à reeleição em outubro e integra a base do prefeito Jesus Chedid (DEM) na Casa. Ele também já presidiu o conselho central da Sociedade São Vicente de Paulo e a Vila São Vicente de Paulo, em Bragança.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.