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México inicia ano letivo com aulas pela TV e rádio para 30 milhões de alunos

Diferentemente do acesso à internet, ainda limitado nas casas mais pobres do país, 92% dos lares mexicanos têm televisão

México inicia ano letivo com aulas pela TV e rádio para 30 milhões de alunos
México inicia ano letivo com aulas pela TV e rádio para 30 milhões de alunos
México inicia ano letivo com aulas pela TV e rádio para 30 milhões de alunos. Foto: AFP
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O ano letivo no México, que já perdeu mais de 60 mil pessoas para a Covid-19, começa nesta semana para 30 milhões de estudantes.

O Ministério da Educação optou por ministrar as aulas pela televisão, já que 92% dos lares mexicanos têm ao menos um aparelho. Pelo rádio, as atividades escolares serão transmitidas em 20 línguas indígenas.

Para Mariana Arriaga, mãe de uma menina de nove anos, as crianças só não podem ficar sozinhas na frente da TV.

“Ela [a filha] terá aulas das 9h às 11h todos os dias. Estou pensando em mudar meu horário de trabalho para começar depois das 11h. Tenho que ficar ao lado dela porque o programa de TV está passando muito rápido. Até eu não consigo acompanhar as perguntas, então filmamos a tela para que possamos rever depois. E há ainda a lição de casa. Ela recebeu tanta coisa nos últimos meses que acabamos fazendo o dever de casa em horários completamente indevidos”, conta a mãe.

As aulas à distância também causam desigualdades de condições entre os alunos. José Luis, por exemplo, tem 12 anos e sua mãe, Norma Molina, não pode ajudá-lo como gostaria.
“Aprendi algumas coisas na escola, mas agora o programa escolar é bem diferente, a gente não sabe de tudo isso. Às vezes é o meu filho mais velho que ajuda o pequeno. Além disso, a escola quer fazer tudo online, mas não tenho internet em casa! Não podemos pagar por tudo isso”, reclama Norma.

México inicia ano letivo com aulas pela TV e rádio para 30 milhões de alunos. Foto: AFP

Aumento de desigualdade por falta de acesso

Os pais já passaram por isso no primeiro semestre – as escolas no país fecharam as portas em março – e o governo lançou o programa “Aprende em Casa”, com aulas e exercícios pela internet, além de programas em três canais de televisão.

Os professores devem passar exercícios a seus alunos a partir do material apresentado nas aulas transmitidas pela televisão.

Os estudantes precisam fazer a lição de casa na plataforma, para assim receberem notas de desempenho. No entanto, apenas 7 em cada 10 famílias têm acesso à internet e somente 4 a cada 10 têm um computador.

“Dos meus alunos, apenas 30% estão equipados. Isso significa que apenas 30% das crianças conseguirão progredir este ano? É a criação de desigualdades entre os alunos. Nós, professores, achamos difícil entender a pressa do governo em dar continuidade ao currículo quando sabemos que a maioria dos alunos ficará para trás”, afirma Sulem Estrada, professora de espanhol em uma faculdade na Cidade do México.

Nos últimos anos, o México gradualmente melhorava seus indíces no Pisa (programa de avaliação internacional de alunos) da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), apesar de se manter na parte inferior do ranking. No entanto, o avanço corre o risco de desaparecer com a pandemia.

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