Política
Auditoria na Petrobras detectou saque de 10 milhões de dólares da conta de Pasadena
Segundo documento confidencial, autorização para o saque teria sido dada verbalmente. Não há registros de quem teria realizado a movimentação


Um relatório resultado de uma auditoria solicitada pela própria Petrobras mostrou que 10 milhões de dólares foram sacados da conta da refinaria Pasadena, no Texas, em 5 de fevereiro de 2010, sob autorização verbal. O dinheiro foi retirado por meio da corretora MF Global, que entrou com pedido de falência em 2011.
Segundo o jornal O Globo, que teve acesso ao relatório confidencial emitido pela Gerência de Auditoria de Abastecimento da Petrobras em 29 de março de 2011, um dos itens do documento chega a pontuar o fato de a autorização não ter sido dada por escrito. O relatório chega a citar que autorizações verbais para esse tipo de saque não encontram respaldo nas normas internas da própria Petrobras e orienta o setor financeiro da empresa a não aceitar mais movimentações financeiras dessa forma.
O documento, porém, não detalha quem fez o saque nem para qual finalidade o dinheiro foi empregado. A assessoria de imprensa da Petrobras disse que a empresa não comentaria o caso enquanto ainda não estivesse com a auditoria interna, instaurada neste ano por conta do caso da refinaria de Pasadena e das tentativas de implantação da CPI da Petrobras.
O relatório também levantou a existência de operações simultâneas de recebimento e envio de produtos, supostamente em razão da falta de espaço para armazenamento. Essa forma de gestão de produtos, segundo os auditores, dificulta medir o volume movimentado pela refinaria e impossibilita apurar eventuais perdas ou sobras de óleo. Com isso, foi detectada uma “divergência”, segundo eles, de 2 milhões de dólares no estoque em maio de 2010, em razão de um lançamento incorreto. Além disso, 23 mil barris de petróleo da empresa armazenadora foram considerados como estoque em trânsito e, depois, não tiveram registro da entrada no sistema.
A compra de Pasadena resultou em um gasto total de 1,2 bilhão de dólares e foi feita na época em que Dilma era presidente do Conselho de Administração da Petrobras. O caso desencadeou uma crise no governo federal.
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