Sociedade

Amigos, políticos e autoridades se despedem de Dom Pedro Casaldáliga

‘Um dia muito triste para o povo brasileiro, em particular para os movimentos do campo e as pessoas de fé’, escreveu Stédile

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
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A morte do bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT), Dom Pedro Casaldáliga, neste sábado 8, gerou homenagens de amigos, políticos e autoridades nas redes sociais.

Dom Pedro tinha 92 anos e ficou conhecido por suas posições políticas e pelo trabalho pastoral ligado a causas como a defesa de direitos dos povos indígenas e o combate à violência dos conflitos agrários.

O velório deve ocorrer em três locais: o primeiro, na tarde deste sábado, na capela do Claretiano – Centro Universitário de Batatais, em Batatais, São Paulo.

O segundo está previsto para ocorrer em Ribeirão Cascalheira (MT), a partir de segunda-feira 10. Por fim, o terceiro  será em São Félix do Araguaia.

Leia algumas homenagens.

Trajetória

Nascido em 1928 em Balsareny, na Catalunha, foi ordenado padre em 1952 e partiu em missão a São Félix do Araguaia, no coração da Amazônia, em 1968, em plena ditadura militar.

Ele se opôs ao regime, aos grandes proprietários de terras e até ao Vaticano, defendendo os trabalhadores sem terra e os povos indígenas.

“Nossa terra, nosso povo perde hoje um grande defensor e exemplo de vida generosa na luta por um mundo melhor, que nos fará muita falta”, reagiu, no Twitter, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Nesta terra é fácil nascer e morrer, mas é difícil viver”, disse o prelado à AFP em 2012, por ocasião do lançamento de uma série sobre sua vida, “Descalço sobre a terra vermelha”, do livro homônimo do escritor e jornalista catalão Francesc Escribano.

Vivendo sob a constante ameaça de assassinos de aluguel contratados por latifundiários, foi um dos fundadores da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Conselho Indígena Missionário (Cimi), duas organizações-chave na luta pela reforma agrária.

Em 1998, Dom Pedro Casaldaliga foi chamado a Roma, onde foi submetido a duros interrogatórios do então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Joseph Ratzinger, que 7 anos depois se tornou papa Bento XVI.

Na Espanha, onde a notícia da morte de Casaldáliga ocupou grande espaço na mídia, a porta-voz do governo, María Jesús Montero, manifestou no Twitter seu “reconhecimento e gratidão” ao bispo, por dedicar sua “vida ao serviço dos pobres”.

Quim Torra, presidente regional da Catalunha, de onde o religioso era originário, agradeceu-lhe no Twitter por “uma vida inteira de luta pela causa do mundo indígena, a igreja dos mais pobres, a paz como resultado da justiça, a libertação de povos oprimidos. Uma vida plena, comprometida e solidária”.

No final de julho, ele assinou com 150 outros bispos brasileiros uma crítica aberta ao presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, criticando, em particular, sua “incompetência” e sua “incapacidade” para administrar a crise de saúde do coronavírus, que deixou quase 100.000 mortos em Brasil, incluindo várias centenas de indígenas.

Com informações da AFP.

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