Política
“Lamentamos as mortes, mas vamos tocar a vida”, diz Bolsonaro sobre a pandemia
O presidente voltou a insinuar que as quase 100 mil mortes poderiam ter sido evitadas com cloroquina, ivermectina e anita, um vermífugo
O presidente Jair Bolsonaro insinuou que o número de mortes por coronavírus no País pode ter sido inflado. Sem citar a fonte das informações, o presidente disse saber de casos em que médicos apontam o coronavírus como a causa de óbitos mesmo em casos não confirmados.
A declaração foi dada em sua live semanal nesta quinta-feira 6.
“Eu li no Diário Oficial da União do Estado, de responsabilidade do governador do estado [João Doria], dizendo claramente, que o médico ao constatar ou não se é de covid, é pra botar covid. Então o número sobe”, afirmou.
“Alguns governadores têm interesse em encaminhar nesse sentido as coisas. Levar mais pânico à população, dizer que está matando, que está morrendo mais gente? E o que nós podemos fazer nesta questão? Não tem remédio e não tem vacina”, acrescentou.
“A gente lamenta todas as mortes, mas vamos tocar a vida e tentar achar uma maneira de se safar desse problema”, continuou.
Bolsonaro voltou a elogiar a atuação do ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello que, hoje, também participou da live.
Questionado se os quase 100 mil mortos no País em decorrência da pandemia poderiam ter sido evitados, o ministro disse que vê como “piores práticas” pelo País “os tratamentos focados em UTI e a recomendação para que pacientes procurassem as unidades de saúde apenas quando ficassem mal”, declarou.
O ministro defendeu o “atendimento imediato”e a ampliação da pasta para o uso de medicamentos como a cloroquina e hidroxicloroquina, que passaram a ser indicadas para casos leves, moderados e graves. Em julho, a Organização Mundial da Saúde anunciou o fim definitivo dos estudos com as substâncias para tratamento do coronavírus por falta de comprovação científica.
“A gente buscou amparar os médicos. Muitos estavam prescrevendo a hidroxicloroquina sem orientação do ministério da Saúde e outros não prescreviam pelo mesmo motivo, porque não havia orientação. Agora, com as orientações, podemos evitar a automedicação, dizer qual o melhor momento para o medicamento, sua dose, em qual fase da doença não faria efeito ou poderia ter efeitos colaterais maiores”, afirmou.
Já o presidente reforçou que as mortes poderiam ter sido evitadas com o uso da cloroquina, ivermectina e anita, um tipo de vermífugo. Ainda criticou governadores e prefeitos que proibiram o uso do medicamento via decreto, momento em que citou o governador da Bahia, Rui Costa (PT-BA). Em julho, uma reportagem publicada pela Piauí demonstrou ser falsa a informação de que o governador proibiu a venda do medicamento.
“A negação de um medicamento a um doente não pode vir de governador e prefeito. Isso é do médico. Na Bahia, o governado proibiu. Não pode, meu Deus do céu”, disse. “Não tente proibir, não temos uma vacina na praça, e nem um remédio comprovado cientificamente”, concluiu.
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