Política

Veja trechos do depoimento de Flávio Bolsonaro na investigação sobre vazamento de operação da PF

O senador foi colocado diante de falas do empresário Paulo Marinho, que afirma ter havido antecipação da Furna da Onça

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A edição do Jornal Nacional da sexta-feira 31 revelou trechos do depoimento do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no inquérito que investiga o suposto vazamento da operação Furna da Onça, que investigava a participação de deputados estaduais do Rio de Janeiro em um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos.

A operação revelou movimentações financeiras suspeitas em gabinetes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, inclusive de Fabrício Queiroz. Flavio Bolsonaro não era investigado.

O depoimento do senador ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro aconteceu no dia 20 de julho. O procurador Eduardo Benonesal foi quem conduziu esta etapa da investigação.

Na ocasião, o procurador mostrou a Flávio Bolsonaro trechos de depoimentos prestados anteriormente, como o do empresário Paulo Marinho, que revelou que recebeu em sua casa o advogado Victor Granado, amigo de infância de Flavio Bolsonaro, e que, por ele, teria ficado sabendo como ocorreu o vazamento da operação.

Ele disse que o vazamento partiu de um delegado da PF, que teria adiantado que a operação atingiria pessoas ligadas a Flavio. O senador se irritou ao ver o vídeo.

“Vou ter que ficar ouvindo isso aqui cinco horas? Não vou aguentar, com todo o respeito, doutor”, afirmou.

Em sua versão, o senador confirmou que pediu uma reunião com Marinho no dia 13 de dezembro de 2018, na casa do empresário, sob incentivo de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. Afirmou, no entanto, que buscava junto ao empresário apenas a indicação de um advogado.

Procurador: “Eu quero saber o seguinte: a motivação que o senhor teve para fazer esse movimento de conversar com o senhor Paulo Marinho, de ter ido a essa reunião, teria sido a preocupação com essa notícia?”.

Flávio Bolsonaro: “Para mim, não é nada (inaudível) com o Queiroz. Todo mundo, a imprensa atirando pedra em mim, eu tinha que me defender, eu tinha que buscar (inaudível). Foi essa intenção, porque o Paulo Marinho, eu tinha a percepção que ele era uma pessoa bem relacionada no mundo jurídico, então, fui consultá-lo, se ele tinha uma pessoa para me indicar, foi isso.”

O procurador reforçou ao senador a informação de que Paulo Marinho disse ter ficado sabendo da operação por um amigo de infância de Flávio Bolsonaro, que negou ter recebido informações adiantadas. “Ele, certamente, ouviu uma coisa e entendeu errado”, declarou Flávio.

Procurador: “A minha pergunta é se o senhor falou.”

Flávio: “Não ouvi.”

Procurador: “Nunca ouviu de reunião?”

Flávio: “Nunca ouvi de reunião que aconteceu na porta da Polícia Federal para isso.”

O procurador também perguntou ao senador se ele esteve na sede da Polícia Federal no Rio no período em que Marinho alega ter havido o vazamento. O senador disse que ia com frequência à unidade participar de reuniões de associações que representam policiais, mas que não saberia precisar as datas.

O senador também foi colocado diante de trechos do depoimento dado pelo seu amigo e advogado Victor Granado. Questionado dobre a reunião com Marinho, ele invocou o dever de sigilo de não revelar o que aconteceu na reunião.

O Ministério Público, que já ouviu as principais testemunhas na investigação, agora quer analisar as imagens do circuito interno da casa de Paulo Marinho.

O intuito é desvendar o que de fato aconteceu na reunião de dezembro de 2018 e se há novos indícios do suposto vazamento da Operação Furna da Onça.

Após a veiculação, a defesa do senador Flávio Bolsonaro se pronunciou e disse que as declarações de Marinho têm o objetivo de manipular a Justiça.  Paulo Marinho, por sua vez, disse que entendeu perfeitamente o que ouviu. Granado não se manifestou. A reportagem do Jornal Nacional não conseguiu contato com a defesa de Fabrício Queiroz.

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