Política

Congresso exclui congelamento de salários de servidores da LDO de 2019

Diretrizes para o orçamento foram aprovadas com alterações de última hora. Ficou de fora também o item que obrigava o governo a reduzir despesas administrativas

Congresso exclui congelamento de salários de servidores da LDO de 2019
Congresso exclui congelamento de salários de servidores da LDO de 2019
Já em plenário parlamentares cederam às pressões dos servidores públicos
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O Congresso aprovou, em votação simbólica na madrugada desta quinta-feira 12, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2019. Os parlamentares, porém, cederam às pressões dos servidores públicos e retiraram do texto, na última hora, a proibição de reajustes dos salários do funcionalismo.

A proibição aos aumentos de salário estava prevista no texto-base da LDO, aprovado na Comissão Mista de Orçamento horas antes. O texto final também permite a criação de novos cargos na administração pública, o que estava vetado na versão original.

O texto que passou pela comissão havia proibido o reajuste de salários e benefícios, como auxílio-moradia e auxílio-alimentação. Havia limitado também a criação de cargos à reposição de servidores em áreas específicas e ao preenchimento de vagas que já haviam sido criadas por lei, mas ainda não estavam incluídas na LDO.

O Congresso retirou do texto também o item que obrigava o governo a reduzir as despesas de custeio administrativo, como combustíveis e diárias, em 5% no ano que vem. A proposta já havia sido flexibilizada na comissão. Inicialmente, o relator falava em 10%.

Com a aprovação, a LDO seguirá para sanção do presidente Michel Temer e deputados e senadores podem iniciar suas férias. De acordo com a Constituição,o recesso parlamentar pode começar quando a LDO é aprovada. A volta ao trabalho está marcada para 1 de agosto.

Parâmetros

A LDO é a base utilizada pelo governo para elaborar a proposta de Orçamento da União para 2019, que será enviada ao Congresso até o fim de agosto. 

O Congresso manteve os parâmetros econômicos estabelecidos pelo governo quando encaminhou o projeto de diretrizes, em abril deste ano. O texto aprovado projeta que o PIB deve crescer 3% no ano que vem, 2,4% em 2020 e 2,3% em 2021. Diz, ainda, que a inflação oficial do país, medida pelo IPCA, ficará em 4,25% em 2019 e em 4% em 2020 e 2021.

O projeto estabelece que a meta de resultado primário para o governo central – que reúne Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social – será de déficit de 139 bilhões de reais em 2019, resultado de uma receita líquida para 2019estimada em 1,276 trilhão de reais e a despesa, em 1,415 trilhão de reais. Esse será o sexto ano consecutivo de resultado negativo. Para 2020 e 2021, a meta será de rombo de 110 bilhões de reais e 70 bilhões de reais, respectivamente.

No texto, o governo admite que faltarão mais de 250 bilhões de reais para cumprir a chamada regra de ouro em 2019. A norma proíbe a emissão de dívida além do nível de investimento.

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Com o crescimento das despesas obrigatórias e a limitação imposta pelo teto dos gastos, a questão fiscal será o grande desafio para o ano que vem. O governo estipula que, em 2019, restarão apenas R$ 98 bilhões para as despesas discricionárias – aquelas que tem liberdade para cortar, como os investimentos.

A equipe econômica, então, solicitou ao Congresso a aprovação de crédito suplementar ou especial para evitar a simples quebra da norma. É a 1ª vez que esse pedido é incluído no Orçamento.

Como uma das medidas para ajudar a equilibrar as contas públicas, Beber proibiu em seu relatório a criação de novas renúncias fiscais em 2019. O governo deverá enviar ao Congresso 1 plano de revisão dos benefícios, de modo que a renúncia não ultrapasse 2% do PIB no prazo de 10 anos. Hoje, estima-se que alcance cerca de 4% do PIB, o equivalente a mais de 300 bilhões de reais anuais.

O salário mínimo está estimado em 1.002 reais, embora estudo das consultorias de Orçamento da Câmara e do Senado fale em 998 reais. Para 2020, a projeção é de 1.076 reais e, para 2021, de 1.153 reais.

*Com informações das agências Senado e Câmara

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