Sociedade

Mais da metade da população em idade de trabalhar está desempregada, diz IBGE

PNAD mostra efeitos da pandemia no cenário do trabalho entre março e maio, e registra saídas recordes do mercado até mesmo entre informais

Foto: Nelson Almeida/AFP
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Pela primeira vez desde 2012, a maior parte dos brasileiros em idade de trabalhar não tem uma ocupação. Esse recorte está presente nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) até o mês de maio, divulgada nesta terça-feira 30 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O percentual de ocupação chegou a 49,5%, representando a saída de 7,8 milhões de pessoas dessa categoria – uma queda de 8,3% em comparação com o trimestre de dezembro a fevereiro.

A medição atual, portanto, é a primeira que considera o cenário dos impactos da pandemia de coronavírus em relação ao acumulado trimestral.

“Pela primeira vez na série histórica da pesquisa, o nível da ocupação ficou abaixo de 50%. Isso significa que menos da metade da população em idade de trabalhar está trabalhando. Isso nunca havia ocorrido na PNAD Contínua”, explicou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. A PNAD acontece desde 2012 e mapeia o cenário do emprego no País.

A taxa de desocupação passou de 11,6%, no trimestre até fevereiro, para 12,9% no trimestre terminado em maio, o que significa mais de 12,7 milhões de desempregados. Além disso, o IBGE também registrou 368 mil pessoas a procura de trabalho a mais em relação ao período anterior.

O resultado sofreu influência da diminuição dos empregos formais e informais, sendo que esta última categoria é vista como um “escape” da pessoa que sai da formalidade. “O número de empregados no setor privado sem carteira assinada caiu 20,8%, significando 2,4 milhões a menos no mercado de trabalho. Já os trabalhadores por conta própria diminuíram em 8,4%, ou seja, 2,1 milhões de pessoas.”, informa a pesquisa.

 

Um setor que sofreu uma forte queda foi o dos trabalhadores domésticos. Com uma força de trabalho estimada em 5 milhões de pessoas, cerca de 1,2 milhão saíram do mercado – uma queda de 18,9%. No recorte dos trabalhadores com carteira assinada, excetuando-se os domésticos, a queda foi de  7,5% – ou seja, menos 2,5 milhões de pessoas no mercado, totalizando 31,1 milhões e atingindo o menor nível da série.

“Numericamente nós temos uma queda da informalidade, mas isso não necessariamente é um bom sinal. Significa que essas pessoas estão perdendo ocupação e não estão se inserindo em outro emprego. Estão ficando fora da força de trabalho”, analisou Beringuy.

Os trabalhadores informais somam os profissionais sem carteira assinada (empregados do setor privado e trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores e por conta própria) e sem remuneração, segundo a medição feita pelo IBGE desde 2016.

“Uma parte importante da população fora da força é formada por pessoas que até gostariam de trabalhar, mas que não estão conseguindo se inserir no mercado, muito provavelmente em função do cenário econômico, das dificuldades em encontrar emprego, seja devido ao isolamento social, seja porque o consumo das famílias está baixo e as empresas também não estão contratando. Então esse mês de maio aprofunda tudo aquilo que a gente estava vendo em abril”, conclui a pesquisadora.

*Com informações da Agência IBGE

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