Política

Instituições financeiras ameaçam retirar investimentos do Brasil por conta do desmatamento

Nos primeiros quatro meses deste ano, uma área com o dobro do tamanho da cidade de Nova York foi destruída

Instituições financeiras ameaçam retirar investimentos do Brasil por conta do desmatamento
Instituições financeiras ameaçam retirar investimentos do Brasil por conta do desmatamento
Amazônia em chamas (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
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Um grupo de aproximadamente 30 instituições financeiras em todo o mundo exigiu que o governo brasileiro freie o desmatamento na Amazônia sob risco de interromper investimentos no País. As informações foram publicadas pelo jornal britânico Financial Times, na terça-feira 23.

Segundo o veículo, os investidores direcionaram uma carta ao governo brasileiro sinalizando preocupação com o aumento das taxas de desmatamento no País sob o governo de Jair Bolsonaro.

“Considerando o aumento das taxas de desmatamento no Brasil, estamos preocupados com o fato de as empresas expostas a desmatamento potencial em suas operações e cadeias de suprimentos no Brasil enfrentarem uma dificuldade crescente de acessar os mercados internacionais. Também é provável que os títulos soberanos brasileiros sejam considerados de alto risco se o desmatamento continuar”, escreveram, conforme reproduziu o jornal.

“Como instituições financeiras, que têm o dever fiduciário de agir no melhor interesse de longo prazo de nossos beneficiários, reconhecemos o papel crucial que as florestas tropicais desempenham no combate às mudanças climáticas, protegendo a biodiversidade e assegurando serviços ecossistêmicos”, assinala o grupo, representado por 29 instituições financeiras que gerenciam mais de US$ 3,7 trilhões em ativos totais.

Ainda de acordo com a publicação, um gerente de portfólio de um grupo europeu de gerenciamento de ativos, que assinou o documento, disse não se tratar de apenas uma ameaça. “Consideraríamos desinvestir. Acreditamos que o Brasil pode enfrentar desafios econômicos estruturais se não ajustar seu curso de ação.”

A principal preocupação dos investidores gira em torno da indústria brasileira de frigoríficos que corre o risco de ser excluída dos mercados internacionais por causa de seu suposto papel no desmatamento. A JBS do Brasil tem sido repetidamente acusada por ambientalistas de comprar vacas de terras desmatadas na Amazônia.

Ainda de acordo com a publicação, os investidores destacam que, nos primeiros quatro meses deste ano, uma área com o dobro do tamanho da cidade de Nova York foi destruída. Madeireiros ilegais e garimpeiros aproveitaram a diminuição da fiscalização durante a pandemia de coronavírus para derrubar florestas. A terra é geralmente convertida em pasto para criar gado, continua o diário.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou que, de janeiro a maio deste ano, o desmatamento na Amazônia alcançou 2.032 km². A taxa é a maior desde agosto de 2015, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) passou a medir a devastação da floresta. Há um aumento de 34% em comparação com a devastação no mesmo período no ano passado e 49% acima da média histórica, entre os anos de 2016 e 2019. A área devastada é 33% maior do que a cidade de São Paulo.

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