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Trump cogita reunião com Maduro e diz desconfiar de Guaidó

‘Não acho que tenha sido muito significativo de uma maneira, ou de outra’, diz presidente dos EUA, sobre opositor da Venezuela

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Nicholas Kamm/AFP
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O presidente Donald Trump disse nesta segunda-feira 22 que só se reuniria com o presidente venezuelano Nicolás Maduro para discutir sua saída do poder, depois de suas declarações em uma entrevista na qual se mostrou propenso a um encontro. Antes, ele havia dito não confiar totalmente em Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, incluindo os Estados Unidos.

Trump deu essas declarações ao site Axios, o que significaria uma mudança de 180 graus em sua política para a Venezuela nos últimos meses. O site publicou trechos da entrevista no domingo 21. Isso poderia supor um encontro com o mandatário venezuelano, a quem Washington não reconhece como presidente.

“Poderia pensar nisso (…) Maduro gostaria de se reunir. E eu nunca me oponho às reuniões”, disse Trump, segundo o Axios.

“Sempre digo que se perde muito pouco com as reuniões. Mas, até agora, eu as recusei”, acrescentou, referindo-se a uma reunião com Maduro.

Porém, na manhã desta segunda, Trump escreveu no Twitter: “Só me reuniria com Maduro para discutir uma coisa: uma saída pacífica do poder”, acrescentando que sempre se posicionará “contra o socialismo” e a favor da liberdade do povo da Venezuela.

Em março, houve uma escalada de tensão quando Washington acusou Maduro de envolvimento no narcotráfico, oferecendo até 15 milhões de dólares por informações que o fizessem ser preso.

Apesar do firme apoio que o governo Trump deu a Guaidó, o Axios explicou que, na entrevista, Trump mostrou suas reservas em relação ao interino e a seu desempenho e “indicou que não tem muita confiança” nele.

Presidente do Parlamento venezuelano, Guaidó se proclamou presidente interino da Venezuela em janeiro de 2019 e foi reconhecido como tal por quase 60 países, que consideram o governo de Nicolás Maduro ilegítimo. Em fevereiro, ele foi bem recebido por Trump na Casa Branca. Além disso, foi ovacionado tanto por republicanos quanto por democratas ao prometer que “interromperia” a “tirania” de Maduro.

Guaidó “foi escolhido. Eu acho que era necessariamente a favor, mas algumas pessoas gostavam dele, outras, não. Soou bem para mim. Não acho que tenha sido muito significativo de uma maneira, ou de outra”, disse Trump.

Uma mensagem com eco na Flórida

A menos de cinco meses das eleições presidenciais, o candidato pelo Partido Democrata, Joe Biden, criticou Trump por sua postura frente à Venezuela, e o acusou de admirar “ditadores como Maduro”.

“Como presidente vou estar do lado do povo venezuelano e da democracia”, afirmou Biden em sua conta no Twitter, em resposta à entrevista divulgada pelo Axios.

O tema “Venezuela” é importante na campanha presidencial americana por poder influenciar nos votos da Flórida, um estado chave para garantir a eleição, onde há uma massa populacional latina e venezuelana sensível ao tema.

As declarações de Trump coincidem com a publicação desta semana de um livro de memórias de John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump, e que tem causado alvoroço nos Estados Unidos. Nele, Bolton mencionaria Venezuela e Guaidó.

Segundo trechos publicados pelo Axios, Bolton escreveu que Trump tinha suas dúvidas sobre Guaidó desde o início, pois o considerava “uma criança” na frente de Maduro, cuja imagem era “forte”.

Respondendo a uma pergunta sobre se ele se arrependia da decisão de apoiar Guaidó, como sugere Bolton em seu livro, Trump disse: “Eu poderia ter vivido com e sem Guaidó, mas eu era muito contra o que estava acontecendo na Venezuela”.

Desde janeiro de 2019, os Estados Unidos lideram uma campanha internacional para tirar Maduro do poder. Washington considera fraudulenta sua reeleição em maio de 2018 e atribui a Maduro uma corrupção generalizada no país, além de graves violações dos direitos humanos e o colapso econômico dessa antiga potência do petróleo.

Apesar de uma bateria de sanções, Maduro permanece no poder com o apoio particular da Rússia e da China.

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