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Chefe da polícia de Atlanta renuncia após morte de homem negro durante prisão

Após morte de George Floyd, policial nos Estados Unidos baleou e matou Rayshard Brooks, de 27 anos

Chefe da polícia de Atlanta renuncia após morte de homem negro durante prisão
Chefe da polícia de Atlanta renuncia após morte de homem negro durante prisão
Manifestações nos Estados Unidos exigem fim da brutalidade policial e do racismo sistêmico. Foto: Kerem Yucel/AFP
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A chefe de polícia da cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, renunciou depois que um policial matou um homem negro enquanto tentava prendê-lo, disseram autoridades locais no sábado 13, em meio a protestos contínuos em todo o país contra o racismo e a brutalidade policial.

Manifestantes bloquearam uma rodovia interestadual e incendiaram uma loja da rede Wendy’s, perto da qual Rayshard Brooks, de 27 anos, morreu na sexta-feira 12 baleado pela polícia, informou a mídia local.

Dezenas de pessoas foram presas, segundo a CNN, citando a polícia de Atlanta, no sul da Geórgia.

O policial que atirou em Brooks foi demitido no sábado e identificado pelas autoridades locais como Garret Rolfe. Um segundo oficial foi enviado para funções administrativas, de acordo com a ABC.

A prefeita Keisha Lance Bottoms, cujo nome parece um potencial companheira de chapa do candidato presidencial democrata Joe Biden, disse que a chefe de polícia Erika Shields, que trabalhava no Departamento de Polícia de Atlanta há mais de duas décadas, “se ofereceu para renunciar imediatamente”.

O tiroteio aconteceu enquanto os Estados Unidos enfrentam um debate histórico sobre o racismo, em meio a grandes protestos gerados pela morte em 25 de maio de George Floyd, um afro-americano que foi vítima de violência policial enquanto estava sob custódia.

Floyd morreu depois que um policial branco de Minneapolis o sufocou ao pressionar com o joelho seu pescoço por quase nove minutos.

Os protestos que se espalharam pelo país primeiro e depois pelo mundo nas últimas semanas levaram a debates sobre os legados da escravidão, do colonialismo e da violência branca contra pessoas negras, bem como a militarização da polícia em Estados Unidos.

Segundo um relatório oficial, Brooks estava dormindo em seu carro perto do restaurante de fast-food, e os funcionários ligaram para a polícia para reclamar que ele estava bloqueando outros clientes.

Ele estava alcoolizado e resistiu quando a polícia tentou prendê-lo, de acordo com o Departamento de Investigação da Geórgia.

O vídeo de vigilância mostrou que “durante uma briga física com policiais, Brooks obteve um dos tasers (arma imobilizadora) do policial e tentou fugir do local”, apontou o relatório.

“Os policiais perseguiram Brooks a pé e, durante a perseguição, Brooks voltou e apontou com o taser para policial. O oficial disparou sua arma e atingiu Brooks”, acrescentou o relatório.

Brooks foi levado para um hospital, mas morreu após uma cirurgia. Um policial ficou ferido.

Um advogado que representa a família do falecido denunciou um uso desproporcional da força.

“Na Geórgia, o taser não é uma arma letal, assim é a lei”, disse L. Chris Stewart a repórteres.

“Os reforços chegaram dois minutos depois. Eles poderiam ter encurralado e pego ele. Por que tiveram que matá-lo? (O policial) tinha outras opções além de atirar em suas costas”.

Brooks tinha quatro filhos e havia comemorado o aniversário da filha de oito anos na sexta-feira, disse o advogado.

“O vi na internet (…) O mais doloroso para mim é assistir ao vídeo, acordar e assistir ao vídeo”, disse Decatur Redd, primo de Brooks. “E eu tenho dois filhos pequenos, eles assistem o mesmo vídeo”, acrescentou, claramente emocionado.

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