Política

Pazuello garante que governo não tem intenção de esconder mortos

Ministro interino da Saúde afirmou que, se houver entendimento, governo pode retomar métodos anteriores de divulgação de dados

Pazuello garante que governo não tem intenção de esconder mortos
Pazuello garante que governo não tem intenção de esconder mortos
O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello. Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados
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O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou nesta terça-feira 9 que o governo federal não tem intenção de esconder os dados em relação à pandemia do novo coronavírus. A declaração ocorreu durante audiência na Comissão Externa de Ações contra a doença, na Câmara dos Deputados.

Pazuello afirmou que a pasta trabalha com “informações plenas e transparentes” e que busca organizar os dados em uma plataforma com mais detalhes à população e aos governadores e prefeitos.

“Estamos falando de vidas, não podemos ficar discutindo esse tipo de coisa quando se trata de vida. Se nós não olharmos a data do óbito, o gestor não consegue olhar o que está acontecendo na sua cidade. E agora vamos ter metade do mundo dizendo que queremos esconder o óbito? É inescondível”, disse o militar. “Estou querendo buscar a verdade, e a verdade é evitar a subnotificação, não a hipernotificação.”

 

Segundo o general, se o Ministério da Saúde entender que as atualizações nas divulgações não são a melhor forma, a pasta poderá voltar aos métodos anteriores, aplicados desde a gestão de Luiz Henrique Mandetta. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou que o governo retome a divulgação na íntegra dos dados do coronavírus, como era feito até a semana passada.

As mudanças nos métodos de divulgação geraram críticas de entidades, especialistas e demais setores da sociedade civil. O presidente Jair Bolsonaro passou a ser suspeito de tentar maquiar os dados, após atrasar o horário da divulgação dos dados e dizer que “acabou o Jornal Nacional“, reforçando assim a tese de que queria driblar os telejornais.

A decisão do governo consistiu ainda em retirar os dados “acumulados” em relação aos óbitos. Antes, o Ministério da Saúde divulgava o número de óbitos “confirmados” no dia, mas o governo passou a divulgar apenas os óbitos “ocorridos” no dia. De acordo com Pazuello, sua proposta é que haja um registro da data do óbito para que os gestores vejam o que aconteceu na data.

Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o Ministério da Saúde tem o dever de “resgatar a credibilidade” das informações estatais sobre a pandemia.

“Brincar com a morte é perverso. Ao alterar os números, o Ministério da Saúde tapa o sol com a peneira. É urgente resgatar a credibilidade das estatísticas. Um ministério que tortura números cria um mundo paralelo para não enfrentar a realidade dos fatos”, criticou Maia.

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