Economia

Pedido de recuperação judicial da Latam expõe vulnerabilidade no setor

Argentina, Brasil e Paraguai não estão incluídos no processo de reorganização principal da principal empresa aérea da América Latina

Pedido de recuperação judicial da Latam expõe vulnerabilidade no setor
Pedido de recuperação judicial da Latam expõe vulnerabilidade no setor
A empresa aérea Latam Airlines. Foto: Martin Bernetti/ AFP
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O grupo aéreo Latam Airlines entrou com pedido de recuperação judicial nesta terça-feira 27 nos Estados Unidos. A principal empresa aérea da América Latina está à beira da falência devido à queda drástica nos negócios provocada pela pandemia de coronavírus. Em sua solicitação, o grupo explica que não consegue mais honrar seus compromissos financeiros.

Em seu comunicado oficial, a direção da Latam anuncia a reorganização do grupo “para garantir sustentabilidade no longo prazo”, de acordo com o que está previsto no Capítulo 11 da lei de falências dos Estados Unidos. A lei americana concede um prazo para que as empresas se reorganizem financeiramente. Com isso, a Latam vai continuar operando os raros voos que ainda oferece.

“Argentina, Brasil e Paraguai não estão incluídos no processo de reorganização pelo Capítulo 11”, cita o comunicado oficial da empresa. A filial da Latam no Brasil está em discussão com o governo brasileiro sobre os próximos passos e o suporte financeiro às operações brasileiras, diz a direção do grupo.

Segundo uma declaração feita em vídeo pelo presidente do grupo, Roberto Alvo, a empresa e suas filiais no Chile, Peru, Equador e Colômbia se comprometem a realizar uma reorganização voluntária, protegidas pela legislação americana. Eventualmente, a Latam poderá entrar com pedido de recuperação judicial também no Brasil e no Chile.

A Latam é a segunda companhia aérea da América Latina a buscar abrigo na legislação americana de falências, depois da Avianca. Fruto da fusão entre a brasileira TAM e a chilena LAN, a empresa operava antes da crise 1.400 voos diários em 26 países, transportava 74 milhões de passageiros por ano e empregava 42 mil funcionários. Em abril, ela havia reduzido 95% de seus voos e em maio havia anunciado a demissão de 1.400 funcionários.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a América Latina é o “novo epicentro” da pandemia de coronavírus. Os casos estão se multiplicando em todo o continente, principalmente no Brasil, que agora possui o segundo maior número de diagnósticos confirmados de covid-19, depois dos Estados Unidos. A América Latina e o Caribe registraram mais de 41 mil mortes pelo vírus e mais de 766 mil casos no total, segundo uma contagem da agência AFP.

Lufthansa e Air France recebem injeção financeira estatal

As companhias aéreas, fortemente impactadas pela crise do coronavírus e sem perspectiva de recuperação em vários anos, iniciaram processos de demissão em massa, chegando a cortar milhares de empregos. No final de abril, em uma carta aberta, as principais companhias aéreas europeias pediram apoio financeiro e regulatório “urgente” em nível europeu.

Em 4 de maio, a Comissão Europeia autorizou o Estado francês a conceder uma ajuda de € 7 bilhões (US$ 7,65 bilhões) à Air France, que enfrenta sérias dificuldades devido à crise provocada pela pandemia de coronavírus. Na segunda-feira 26, a companhia aérea Lufthansa e o governo alemão selaram um plano de resgate de € 9 bilhões (US$ 9,8 bilhões), que fará do Estado alemão o principal acionista do grupo, com 20% do capital.

“Antes da nova pandemia de coronavírus, a empresa estava com boa saúde e lucrativa e tinha boas perspectivas para o futuro”, declarou em nota oficial o Ministério da Economia da Alemanha, anunciando a proposta de investimentos e empréstimos estatais. A Lufthansa informou, por sua vez, que o Estado alemão deixará de ser acionista da empresa no final de 2023. A indústria aeroportuária mundial deve perder € 76 bilhões em faturamento em 2020, de acordo com sua federação, a ACI.

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