Mundo

Dezenas de bebês de barriga de aluguel ficam presos na Ucrânia

Impedidos de entrar no país devido à pandemia, pais estrangeiros não conseguem buscar seus filhos

Dezenas de bebês de barriga de aluguel ficam presos na Ucrânia
Dezenas de bebês de barriga de aluguel ficam presos na Ucrânia
Foto: Free-Photos / Creative Commons / Pixabay
Apoie Siga-nos no

Mais de uma centena de bebês nascidos de barriga de aluguel estão presos na Ucrânia porque seus pais estrangeiros não podem buscá-los devido ao fechamento das fronteiras causado pelo coronavírus.

“Mais de cem bebês estão esperando seus pais em vários centros de medicina de reprodução”, disse Liudmyla Denisova, comissária de direitos humanos do Parlamento ucraniano.

“Se o confinamento for prolongado, outras crianças nascerão e seu número poderá chegar a quase mil”, disse ela, citando estimativas da Biotexcom, de Kiev, a maior clínica do país especializada em serviços de barriga de aluguel. Atualmente, a clínica hospeda em um hotel 51 bebês de pais estrangeiros nascidos desde o fechamento da fronteira com a Ucrânia, em março.

Apenas 15 deles estão com os pais, que puderam entrar na Ucrânia antes de o país fechar suas fronteiras. “Tudo parece estar indo bem lá, está limpo. Existem câmeras que os funcionários usam para os pais poderem ver seus filhos”, disse Denisova, acrescentando que “cada bebê será entregue aos pais” o mais rápido possível.

 

A Ucrânia possui uma próspera indústria de serviços de barriga de aluguel e é um dos poucos
países que permitem o serviço para estrangeiros. A preocupação é alta de que um longo fechamento de fronteira sobrecarregue as clínicas e cause mais aflição aos pais.

Devido à pandemia de coronavírus, os pais estrangeiros precisam de uma autorização especial para entrar na Ucrânia, emitida por Kiev a pedido de seus países de origem. Mas algumas embaixadas “se recusaram” a intervir e “esse problema ainda não está resolvido”, segundo Denisova.

De acordo o jornal Le Monde, a maioria dos pais é da França, onde a barriga de aluguel é proibida. Há também pais esperando pela entrega de seus filhos em 11 outros países: China, EUA, Itália, Espanha, Reino Unido, França, Alemanha, Bulgária, Romênia, Áustria, México e Portugal.

A Ucrânia é destino cada vez mais frequente para pessoas que recorrem a serviços de barriga de aluguel para se tornarem pais, especialmente pelo preço relativamente baixo: cerca de 28 mil euros (perto de 177 mil reais).

Sob a lei ucraniana, apenas casais heterossexuais reconhecidos e inférteis podem se beneficiar do procedimento.

O assunto atraiu grande atenção após a Biotexcom divulgar um vídeo mostrando dezenas de bebês em berços dispostos em fileiras apertadas em dois grandes quartos de um hotel normalmente usado pela clínica para hospedar seus clientes.

O vídeo tem como objetivo mostrar aos pais ausentes que seus filhos pequenos estão sendo bem tratados. “As crianças são alimentadas, um número suficiente de funcionários toma conta delas, mas não há substituto para o cuidado dos próprios pais”, afirma Denis Herman, advogado da Biotexcom. “Tentamos enviar fotos das crianças para os pais, tentamos fazer videoconferências, mas isso não pode substituir a comunicação no contato direto”, ressalta.

Cerca de 50 clínicas que oferecem serviços de barriga de aluguel operam na Ucrânia. As dificuldades econômicas do país levam muitas ucranianas a se tornarem mães de aluguel.

MD/afp/ap/rtr

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo