Política
Isolamento? Bolsonaro diz que fará um “churrasco com 30 convidados” no sábado
Declaração foi quase simultânea ao anúncio de 610 vítimas fatais confirmadas por covid-19 em 24h
O presidente Jair Bolsonaro, mais uma vez, tem intenção de ignorar as medidas de isolamento social sem nenhum aparente motivo – ou, ao menos, quer levar desinformação ao público. Na noite da quinta-feira 08, o presidente afirmou que deve “fazer um churrasco” no sábado para “uns 30 convidados”, evento que pode até mesmo acabar em “uma peladinha”.
A declaração veio praticamente no mesmo momento em que o Ministério da Saúde atualizava que, pelo terceiro dia seguido, o Brasil registra mais de 600 mortes confirmadas em decorrência da covid-19. O total de óbitos chegou a 9.888 pessoas, enquanto os infectados já ultrapassam os 135 mil.
Para Jair Bolsonaro, no entanto, a preocupação parece ser o custo da festa. “Não vai ter bebida. Vai ter vaquinha, R$ 70,00”, afirmou o presidente ao retornar no final do dia para o Palácio da Alvorada.
O Distrito Federal, ao contrário de outras unidades da federação, tem tentado acatar aos pedidos de Bolsonaro e reabrir o comércio e outros serviços, mas foi impedido pela Justiça na quarta-feira 06 após uma juíza entender que é necessário um plano de flexibilização gradual. O principal animador de tais medidas é o governador Ibaneis Rocha (MDB), um dos únicos no Brasil a estar alinhado com Jair Bolsonaro.
Na decisão, a magistrada escreve sobre a preocupação de, “enquanto se contava com um número relativamente pequeno de casos, se optou pelo fechamento da grande maioria de serviços não essenciais, e, agora, quando o número de infectados e mortos ainda se encontra numa curva crescente, opte a Administração por flexibilizar ainda mais o isolamento”.
CartaCapital
Há 31 anos, a maior referência progressista em jornalismo no Brasil.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.