Política
Ibama demite dois coordenadores ligados à repressão de crimes ambientais
Os dois servidores demitidos lideraram operação para fechar garimpos ilegais, no sul do Pará, e evitar disseminação do coronavírus


O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Ibama, Eduardo Bim, exoneraram nesta quinta-feira 30 dois chefes do instituto responsáveis pelas grandes operações de repressão a crimes ambientais no país. Os afastamentos foram publicados no Diário Oficial da União nesta madrugada e acontecem, segundo informações do colunista Rubens Valente, do UOL, duas semanas depois de uma operação tocada pelos líderes, para fechar garimpos ilegais, no sul do Pará, e evitar a disseminação do coronavírus.
Os demitidos são Renê Luiz de Oliveira, coordenador-geral de fiscalização ambiental, e Hugo Ferreira Netto Loss, coordenador de operações de fiscalização. Ainda de acordo com a coluna, o Ibama informou que as exonerações aconteceram a pedido do novo diretor da Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), o major da PM paulista Olímpio Magalhães, que tomou posse no cargo há 15 dias. Ele também substitui o antigo diretor da área, Olivaldi Azevedo, exonerado por Salles.
Ainda de acordo com a coluna, a demissão de Azevedo aconteceu um dia depois do programa Fantástico exibir uma reportagem sobre a mesma operação realizada pelo Ibama no Pará. O afastamento de Azevedo virou alvo de investigação por parte do Ministério Público Federal, que busca saber se a demissão está vinculada a algum “desvio de finalidade”.
Os nomes para substituir os dois servidores já foram anunciados. O coronel da reserva da PM Walter Mendes Magalhães Júnior entra no lugar de Renê. Magalhães atuou como superintendente do Ibama no Pará e foi levado ao cargo por decisão de Salles. Para o cargo de Loss, foi nomeado o servidor Leslie Nelson Jardim Tavares.
Segundo apuração da coluna, saída dos servidores que atuaram dando respaldo às fiscalizações do Ibama marcam um controle exercido pelo governo Bolsonaro sobre o Ibama, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. O presidente Jair Bolsonaro, durante sua campanha eleitoral em 2018, reclamou diversas vezes do que chamou de “festa de multas” do Ibama.
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