Política

“Quem manda sou eu e eu quero o Ramagem na PF”, afirma Bolsonaro

Presidente diz que a decisão do ministro Alexandre de Moraes foi uma ‘canetada política’ e anuncia que vai recorrer

“Quem manda sou eu e eu quero o Ramagem na PF”, afirma Bolsonaro
“Quem manda sou eu e eu quero o Ramagem na PF”, afirma Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santo/PR
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O Presidente Jair Bolsonaro comentou, na manhã desta quinta-feira 30, sobre a decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, que barrou a posse do diretor-geral da Polícia Federal, Alexandre Ramagem. “Eu respeito a Constituição e tudo tem um limite. Eu ainda não engoli essa decisão”, disse o presidente.

“Se [Ramagem] não pode estar na Polícia Federal, não pode estar na Abin [Agência Brasileira de Inteligência]. No meu entender, uma decisão política”, declarou.

Após a decisão de Moraes, a Advocacia-Geral da União havia anunciado que não recorreria ao caso. O presidente desautorizou essa decisão e obrigou que a união recorra. “É dever dela  recorrer. Quem manda sou eu e eu quero o Ramagem lá”,afirmou o capitão.

“Não justifica a questão da impessoalidade. Como o senhor Alexandre de Moraes foi parar o Supremo? Amizade com o senhor Michel Temer, ou não foi?”, disse o presidente

-Agora 7AM / Alvorada (30/04/2020). Link no youtube:

Posted by Jair Messias Bolsonaro on Thursday, April 30, 2020

Ramagem era diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar a Polícia Federal. O problema é que o escolhido é amigo próximo da família do presidente, o que aumentou as especulações sobre uma tentativa de interferência política de Bolsonaro na PF.

Em sua decisão, Moraes ressalta que o presidencialismo garante amplos poderes para o presidente, mas exige o cumprimento de princípios constitucionais e da legalidade dos atos.

A vaga para o cargo estava aberta desde que o presidente decidiu demitir, na última semana,  o ex-diretor geral da PF, Maurício Veleixo. A decisão resultou também na demissão do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, o ministro mais popular do governo.

Ao anunciar sua saída, Moro acusou Bolsonaro de demitir Veleixo para interferir nas decisões da Polícia Federal, que investiga um dos seus filhos. O ex-integrante do governo disse, também, que o presidente não estava lhe dando carta branca para combater a corrupção como havia sido prometido em 2018, quando Moro aceitou o cargo oferecido pelo capitão.

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