Política

Bolsonaro afirma que ainda sonha em nomear Ramagem para PF

Presidente disse que ainda gostaria de “honrar” o amigo da família, e fez discurso falando sobre independência dos poderes

Bolsonaro afirma que ainda sonha em nomear Ramagem para PF
Bolsonaro afirma que ainda sonha em nomear Ramagem para PF
Presidente Bolsonaro. Foto: AFP Photos
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O presidente Jair Bolsonaro declarou, na tarde desta quarta-feira 29, que ainda tem a intenção de colocar Alexandre Ramagem no cargo de diretor-geral da Polícia Federal (PF). A fala foi feita durante a cerimônia de solenidade de posse do ministro da Justiça e Segurança Pública, André Luiz Mendonça, e do novo Advogado-Geral da União, José Levi Mello.

O decreto presidencial que levou Ramagem ao comando da PF foi publicado na terça-feira 28, mas a escolha foi bastante criticada por ele ser amigo da família do presidente da República, o que acabou levando a suspensão pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes. Depois disso, Bolsonaro voltou atrás e tornou “sem efeito” o decreto que exonerou Ramagem da direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Na cerimônia, estavam presentes os ministros do Supremo Gilmar Mendes e Dias Toffoli, presidente da casa. O presidente chegou a agradecer as respectivas presenças e ressaltou, em sua fala, a independência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, apesar do posterior tom de crítica à suspensão da nomeação de Ramagem.

Mesmo com esse contexto, o presidente afirmou que ainda é um “sonho” poder “honrar” Ramagem com o cargo – e disse que espera fazê-lo em breve. Destacou, ainda, que o amigo da família foi considerado um “homem de elite” pela Polícia Federal no passado. “Eu gostaria de honrá-lo no dia de hoje dando posse, e eu tenho certeza que esse sonho, meu e dele, em breve se concretizará para o bem da nossa Polícia Federal e do Brasil”, afirmou o presidente em sua fala.

 

A troca nos cargos de chefia da PF foi o estopim da crise política gerada com Sergio Moro, o ex-ministro de Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro. Ao sair, Moro acusou o presidente de querer informações confidenciais sobre operações da PF e de ter interesse em documentos sigilosos envolvendo investigações com seus filhos. O presidente negou o fato e fez um longo discurso de repúdio a Moro no dia em que ele se demitiu.

No lugar dele, assume André Luiz Mendonça, o qual o presidente definiu como “terrivelmente evangélico” novamente na cerimônia de posse. Mendonça era da Advocacia-Geral da União, e foi substituído por José Levi Mello. No discurso, o novo ministro exaltou Bolsonaro como um “profeta no combate à criminalidade” há 30 anos, e disse que o presidente pode cobrá-lo em relação a mais operações na Polícia Federal.

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