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Netanyahu intensifica lobby para minar acordo com Irã

Premiê israelense concede série de entrevistas a canais de TV americanos, no início de uma estratégia para pôr Obama sob pressão e evitar pacto final com Teerã

Netanyahu intensifica lobby para minar acordo com Irã
Netanyahu intensifica lobby para minar acordo com Irã
"Não estou tentando matar qualquer acordo. Estou tentando matar um mau acordo", disse Netanyahu à TV americana
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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, usou vários canais de TV americanos neste domingo 5, como NBC e CNN, para reiterar suas críticas ao entendimento alcançado com o Irã sobre a questão nuclear.

A série de entrevistas sinaliza o início de uma ampla ofensiva israelense para tentar minar – ou pelo menos reformular – o acordo preliminar alcançado pelas seis potências mundiais com o Irã na quinta-feira passada.

“Não estou tentando matar qualquer acordo. Estou tentando matar um mau acordo”, comentou Netanyahu à NBC. “Esse acordo mantém uma vasta infraestrutura nuclear. Nenhuma centrífuga será destruída, nem uma única central nuclear será desligada.”

Um documento do gabinete de Netanyahu, elaborado por especialistas e obtido pela agência de notícias Associated Press, dá uma ideia dos argumentos que Israel vai levantar a partir de agora: focando, por exemplo, nos termos vagos sobre as inspeções às instalações nucleares.

Segundo Netanyahu, o pacto é insuficiente para eliminar o risco de que Teerã tenha uma bomba atômica – da qual Israel teme que venha a ser o primeiro alvo. Além disso, afirma o premiê, dá legitimidade a um país que prega a destruição do Estado judeu“Ainda há tempo para conseguir um melhor acordo”, afirmou à CNN.

Netanyahu disse também que o acordo preliminar levantará as sanções contra o Irã rápido demais, o que dará ao regime de Teerã recursos para “aumentar sua maquinaria do terror no mundo todo”.

O presidente americano, Barack Obama, insiste desde o anúncio do entendimento com o Irã que um “bom acordo” foi alcançado. Em suas palavras, o resultado foi “de longe a melhor opção” para os EUA, seus aliados e o mundo inteiro.

No entanto, o ceticismo de Netanyahu e suas críticas são compartilhadas pelos republicanos e também pela ala mais conservadora da bancada democrata. No mês passado, ele discursou no Congresso americano sobre o caso, num gesto que irritou a Casa Branca.

Alguns países árabes, sobretudo as monarquias do Golfo, também receberam com suspeita o acordo, o que foi lembrado pelo premiê neste domingo.

“Eu vou dizer o que vai acontecer”, disse Netanyahu. “Eu acho que esse acordo vai desencadear uma corrida armamentistas entre os Estados sunitas”, completou, em referência às monarquias do Golfo.

O acordo alcançado em Lausanne, na Suíça, prevê que o programa de enriquecimento de urânio seja limitado e supervisionado internacionalmente por um período de até 25 anos. Além disso, estabelece o envio ao exterior ou a dissolução de 95% do urânio já produzido no Irã e o levantamento das sanções econômicas que pesam sobre o país.

As negociações levaram apenas a um entendimento entre as partes. Um tratado final deve ser elaborado até o fim de junho, o que dá a Netanyahu pouco mais de dois meses.

RPR/afp/rtr/ap

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