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HSBC manteve 109 milhões de reais de empresários de ônibus do RJ

Lista cita Jacob Barata, conhecido como o “Rei do Ônibus”, que movimentou cerca de 50 milhões de reais na filial do banco na Suíça

Banco inglês ajudou 106 mil clientes a sonegar impostos no valor de 120 bilhões de dólares
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Parte dos documentos vazados da filial suíça do banco inglês HSBC mostram que empresários de ônibus do Rio de Janeiro também se beneficiavam do esquema de contas secretas no País. No total, brasileiros ligados a empresas de transportes possuíam 38,2 milhões de dólares (109,5 milhões de reais) entre 2006 e 2007 na instituição. As informações fazem parte da investigação contra o banco inglês, que ajudou 106 mil clientes a sonegar impostos no valor de 120 bilhões de dólares (334 bilhões de reais) entre 1988 e 2007 no mundo.

De acordo com o blog do jornalista Fernando Rodrigues, o empresário mais conhecido citado na lista é Jacob Barata, de 83 anos, conhecido como o “Rei do Ônibus” no Rio de Janeiro. A família Barata tem participação em 16 empresas de ônibus municipais do Estado fluminense e, segundo os documentos, manteve 17,6 milhões de dólares (50,5 milhões de reais) em conta conjunta entre Jacob, a mulher Glória e seus filhos Jacob, David e Rosane. A conta existia há 25 anos, sendo que Glória e Rosane foram agregadas em 2004.

A partir de 2004, de acordo com as informações contidas nos documentos, o dinheiro passou a ser movimentado por uma empresa offshore autorizada a fazer depósitos e retiradas: a Bacchus Assets Limited, com sede em Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas, um território ultramarino do Reino Unido que funciona como paraíso fiscal por ter impostos muito baixos ou inexistentes. A família nega a existência das contas.

O caso do HSBC veio à tona quando um ex-funcionário, chamado Hervé Falciani, vazou os documentos que revelam o esquema. Segundo esses dados, o banco orientava seus clientes a fugir de impostos e permitia que sacassem grandes quantias em dinheiro, o que sugere que o HSBC ajudava essas pessoas a transportar quantias sem declará-las, facilitando crimes como a lavagem de dinheiro. Além disso, ajudou a manter contas secretas, para evitar que clientes ricos tivessem de pagar imposto de renda. E ainda abriu contas para criminosos e corruptos.

No Brasil, o “SwissLeaks” foi revelado pelo blog do jornalista Fernando Rodrigues no portal UOL. Segundo o blog, constam na lista 6.606 contas bancárias de 8.667 clientes brasileiros, com um valor movimentado de cerca de 20 bilhões de reais. A lista completa não será divulgada, afirmou o jornalista, pois se trataria “de uma invasão de privacidade indevida no caso de pessoas que podem ter aberto contas no exterior de boa fé, respeitando a lei e pagando impostos”. Ainda segundo o blog, informações sobre alguns dos correntistas foram passadas em sigilo para a Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda responsável por emitir alertas de fraudes para a Polícia Federal e outras instituições brasileiras. A Receita, afirma o jornalista, “nunca demonstrou interesse em investigar ou analisar os dados”, enquanto o Coaf disse não ter visto novos crimes na amostra de cerca de 400 nomes enviados pelo blog ao órgão.

Contrariando sua própria lógica, contudo, Fernando Rodrigues divulgou os nomes de envolvidos na Operação Lava-Jato que têm conta no banco antes que eles sofressem alguma condenação.

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