Política
Eduardo Bolsonaro diz que crítica de embaixador chinês é ‘descabida’
Vice Hamilton Mourão também relativizou crise diplomática: ‘Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha não era problema nenhum’


Após o filho de presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) ter iniciado uma crise diplomática entre Brasil e China, maior parceiro comercial do País, o parlamentar liberou uma nota que classifica as críticas sofridas pelo embaixador chinês como “descabidas”.
De acordo com Eduardo, não houve desrespeito à população chinesa em seus comentários, que classificaram . “Mesmo vivendo numa democracia com ampla liberdade de imprensa e expressão, não identifiquei qualquer desconstrução dos meus argumentos por parte do embaixador chinês no Brasil.”, escreveu o parlamentar.
“Não creio que um tweet isolado de um parlamentar levantando questionamentos sobre a conduta de um governo estrangeiro tenha condão para tanto, visto que a discussão de pautas globais é prática normal na comunidade internacional”, continuou Eduardo.
NOTA OFICIAL SOBRE AS CRÍTICAS DA EMB. CHINA AO MEU RETWITE
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Jamais ofendi o povo chinês, tal interpretação é totalmente descabida. Esclareço que compartilhei postagem que critica a atuação do governo chinês na prevenção da pandemia, … pic.twitter.com/zAal6YIUWR
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) March 19, 2020
Pela argumentação do deputado, a China seria a culpada pelo avanço do novo coronavírus ao redor do mundo, com mais de 200 mil casos já registrados desde dezembro de 2019 até março de 2020. “+1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas q salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução”, escreveu Eduardo Bolsonaro.
Em resposta, o perfil da Embaixada da China e o próprio embaixador Yang Wanming rebateram Eduardo e classificaram seus ataques como “irresponsáveis” e “familiares”, uma referência ao presidente americano Donald Trump, que chamou mais de uma vez o coronavírus de “vírus chinês”, termo considerado ofensivo e de valores xenófobos.
Eduardo foi defendido pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que chegou a pedir uma retratação do embaixador chinês pelas críticas tecidas pelo representante no Brasil. O deputado, além de antigo candidato à ocupar a Embaixada brasileira nos EUA, é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
Na noite de quarta-feira 19, após as críticas da Embaixada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) escreveu um pedido de desculpas ao embaixador e à população chinesa, classificando os comentários de Eduardo Bolsonaro como “palavras irrefletidas”.
“Eduardo Bananinha”
A repercussão dos tweets de Eduardo também foi comentada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que relativizou o tamanho da crise e disse que as falas do parlamentar não representavam o estado brasileiro – mesmo com o sobrenome que leva o deputado.
Para exemplificar, Mourão disse que se o deputado se chamasse “Eduardo Bananinha”, a situação seria distinta. “O Eduardo Bolsonaro é um deputado. Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha não era problema nenhum. Só por causa do sobrenome. […] Não é a opinião do governo. Ele tem algum cargo no governo?”, declarou o vice à Folha de S. Paulo.
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