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ONU critica retrocesso do Brasil em ações de proteção ambiental

A alta comissária Michelle Bachelet incluiu o Brasil na lista de países que despertam preocupações urgentes com os direitos humanos

ONU critica retrocesso do Brasil em ações de proteção ambiental
ONU critica retrocesso do Brasil em ações de proteção ambiental
A alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet Foto: Fabrice Coffrini/AFP
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A comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, acusou Brasil e Estados Unidos, nesta quinta-feira 27, de darem “marcha a ré” em matéria de proteção ambiental.

“A proteção do nosso meio ambiente é fundamental para o gozo de todos os direitos humanos”, declarou Bachelet no Conselho de Direitos Humanos. A comissária lamentou “os importantes retrocessos nas políticas de proteção do meio ambiente e nos direitos dos povos indígenas” no Brasil.

Bastante cético em relação à mudança climática, o presidente Jair Bolsonaro foi criticado por ter flexibilizado as restrições na exploração das riquezas da Amazônia. Em 2019, seu primeiro ano de mandato, o desmatamento na região aumentou 85% em relação a 2018.

Bachelet apontou ainda que “os Estados Unidos recuam em matéria de proteção ambiental, incluindo no que diz respeito às vias navegáveis e às zonas úmidas”.

“Os poluentes não tratados podem agora ser lançados em milhões de quilômetros de água, o que põe ecossistemas, água potável e saúde humana em risco”, advertiu a ex-presidente do Chile.

No ano passado, o governo de Donald Trump revogou uma norma que protegia os recursos hídricos desde a gestão de Barack Obama. A decisão foi condenada pelos defensores do meio ambiente, mas aplaudida pelos agricultores e pelo setor da construção.

Esta medida faz parte de uma série de outras tomadas por Trump desde sua chegada ao poder em 2017, as quais têm um impacto negativo sobre o meio ambiente.

Em contrapartida, Bachelet elogiou o projeto europeu “Green Deal” (o chamado Pacto Ecológico europeu), que pretende alcançar a neutralidade carbono até 2050. Ela pediu aos europeus, porém, que adotem medidas sociais fortes para garantir que esta transição justa “não deixe ninguém esquecido para trás”.

A alta comissária também incluiu o Brasil na lista de países que despertam preocupações urgentes com os direitos humanos. No discurso sobre o balanço anual da situação dos direitos humanos no mundo, Bachelet destacou os ataques contra defensores no Brasil, lembrando assassinatos principalmente de líderes indígenas e falou em “retrocessos significativos e esforços para deslegitimar o trabalho da sociedade civil e de movimentos sociais”.

“O governo brasileiro, desde o ano passado, vem se alinhando a países que usam seu assento na ONU para minar resoluções do Conselho de Direitos Humanos que visavam proteger minorias”, disse, pelo Twitter, a coordenadora de programas da ONG Conectas Direitos Humanos, Camila Asano.

*Com informações da AFP

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