Política

Sem investigação, Comissão de Ética arquiva denúncia contra chefe da Secom

Empresa de Fabio Wajngarten receberia dinheiro de TVs e de agências de publicidade contratadas pelo próprio órgão que ele comanda

Sem investigação, Comissão de Ética arquiva denúncia contra chefe da Secom
Sem investigação, Comissão de Ética arquiva denúncia contra chefe da Secom
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A Comissão de Ética da Presidência arquivou nesta terça-feira 18, por 4 votos a 2, a denúncia envolvendo o chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), Fabio Wajngarten. Conforme noticiado pela Folha de S. Paulo em janeiro, o secretário recebe, por meio da FW Comunicação, empresa do qual é sócio majoritário, dinheiro de TVs e de agências de publicidade contratadas pelo próprio órgão que ele comanda, ministérios e estatais do governo Jair Bolsonaro. A decisão foi tomada sem que se tenha instaurado uma investigação.

As empresas Record, Band e a agência Artplan foram indicadas como contratantes da FW. Também passaram, sob a gestão de Wajngarten, a serem contempladas com maiores percentuais da verba da Secom. Segundo a legislação vigente, integrantes da cúpula do governo são proibidos de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. Se confirmada, e reconhecidos benefícios indevidos, a prática pode configurar improbidade administrativa e ocasionar a demissão do agente público.

São práticas comuns à Comissão aplicar uma advertência e recomendar que o agente público deixe a sociedade. Em ao menos um caso a proposta da comissão foi a de propor exoneração de servidor que ocultou seus negócios das autoridades. Segundo apurou a Folha de S. Paulo, em conversas reservadas, integrantes do colegiado aventavam a abertura de uma investigação ou a aplicação imediata de advertência.

Ao assumir o cargo, Wajngarten omitiu informações sobre as atividades e os contratos de sua empresa em declaração entregue à comissão. O secretário nega haver conflito de interesses. Em sua defesa ao colegiado, propôs transferir suas cotas para a própria mulher, Sophie Wajngarten, que tem participações em empresas do setor de publicidade.

A reportagem ainda levantou casos em que a atuação da Comissão de Ética caminho para a indicação do afastamento do agente público. Dois aconteceram durante a gestão da ex-presidenta Dilma Rousseff. Em 2013, o então diretor de Gestão da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), Elano Figueiredo, pediu demissão após a Comissão de Ética Pública recomendar sua exoneração por conflito de interesses. Ele foi acusado de esconder que, antes de assumir o cargo, tinha trabalhado para uma operadora de planos de saúde, mesmo setor que o órgão fiscaliza.

Em 2014, o então ministro da Saúde de Dilma, Arthur Chioro, esteve na mira da comissão por ser dono de uma empresa de consultoria na área de saúde, a Consaúde. Inicialmente, ele havia passado suas cotas para o nome da esposa, mas a comissão só arquivou uma denúncia contra o ministro após ele comprovar que a empresa foi desativada.

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