Diversidade

Por referendo, Suíça criminaliza homofobia e se adapta a vizinhos da UE

O ‘sim’ venceu com 62% dos votos

Por referendo, Suíça criminaliza homofobia e se adapta a vizinhos da UE
Por referendo, Suíça criminaliza homofobia e se adapta a vizinhos da UE
A lei contra discrimação foi aprovada na Suíça. O assunto ainda divide a população do país. Foto: AFP.
Apoie Siga-nos no

Os suíços aprovaram por ampla maioria uma lei que proíbe a discriminação com base na orientação sexual. O tema foi votado em um referendo realizado neste domingo (9).   Desta forma, o pequeno país se adapta à legislação em vigor na União Europeia, da qual não faz parte.

O “sim” venceu com 62% dos votos, durante a votação que terminou ao meio-dia (8h de Brasília), segundo o instituto GFS Bern. Mathias Reynard, o parlamentar socialista por trás dessa reforma do código penal suíço, elogiou no canal RTS-1 “um dia histórico e um sinal magnífico para todos os envolvidos”.

Já Marc Frueh, do pequeno partido defensor dos valores cristãos UDF, que lançou este referendo com o apoio da União Democrática do Centro (UDC, direita populista), estimou que, apesar de seu fracasso, o recurso ao voto era justificado. A consulta “permitiu ao povo suíço tomar uma decisão”, afirmou ele no mesmo canal. No entanto, Frueh acrescentou que seu partido permaneceria vigilante na aplicação da reforma.

A nova lei expande a legislação já existente sobre discriminação e ódio racial ou religioso, estendendo-a à orientação sexual. Essa reforma do código penal, adotada em 2018, encontrou oposição de círculos conservadores e populistas, que denunciaram uma “censura” e um ataque à “liberdade de expressão, consciência e comércio”.

Legislação insuficiente

Os outros partidos consideraram que a proteção contra a discriminação com base na orientação sexual era insuficiente na Suíça e pediram que os suíços votassem “sim” à reforma. Os defensores do texto também se baseiam no fato de que a discriminação baseada na orientação sexual já é penalizada em outros países europeus e que o Conselho da Europa e a ONU solicitaram à Suíça que reforçasse seu aparato jurídico contra a homofobia.

A nova lei pune a ofensa pública e a discriminação de qualquer pessoa por causa de sua orientação sexual ou de qualquer atitude destinada a despertar o ódio contra ela, por meio da escrita, fala, imagens ou gestos. Por outro lado, não reprime os comentários feitos no círculo familiar ou entre amigos.

Restaurantes, hotéis, empresas de transporte, cinemas ou piscinas não podem recusar o acesso de alguém por causa de sua orientação sexual. O texto prevê multas ou penas de até três anos de prisão.

No entanto, nos círculos LGBT, teme-se que uma proteção especial os estigmatize ainda mais. “Estou lutando pela aceitação e normalização da minha sexualidade. Mas para mim, normalização também significa não exigir direitos especiais”, argumentou antes da votação Michael Frauchiger, co-presidente do comitê “Direitos especiais NÃO!”.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo