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Entenda as influências do sionismo na América Latina
O projeto israelense de estreitar laços com países da América do Sul vem se dando ano após ano
Informes de investigações feitas de 2018 a 2019 baseadas na interceptação de e-mails por grupos independentes revelam que o interesse do governo israelense de ganhar governos colaboradores do sionismo aqui no cone sul tem aumentado bastante.
Embora as relações do sionismo com a venda de armas para governos e ditaduras aqui sejam antigas, a investigação revela detalhes desta estratégia e como se dá de maneira aparentemente discreta através de contatos diplomáticos, ou disfarçadas através de seminários que incluem passeios turísticos.
Um bom exemplo disso é o que vem sendo construído por Israel no Chile, através de acordos de segurança nacional entre o sionismo e os agentes do governo local.
Após investigar mais de três mil correios eletrônicos raqueados, o Centro de Investigações Jornalísticas Chileno revelou pela organização Anônimus que interceptou os e-mails entre o agente do ministério de assuntos militares da embaixada de Israel no Chile, Eran Gabay, convidando ao general chileno Guillermo Paiva a um seminário de cyber segurança que aconteceu em Tel Aviv em novembro do ano passado.
O general chileno foi ao encontro, cuja preparação incluiu passeios turísticos por Jerusalém, mas a verdadeira intenção dos sionistas por trás de tudo isso era aproximar a indústria de segurança e armamentista aos convidados presentes ao seminário e vender armas e tecnologia e serviços de inteligência para reprimir os povos em luta na América Latina com táticas israelenses.
O centro do seminário era a infraestrutura e segurança no enfrentamento ao terrorismo e distúrbios contra a ordem pública e também como lidar com desastres naturais.
Três meses depois da volta do general chileno a seu país, se raqueou um e-mail em que Menahem Cohen, dono da empresa Comercial Mer Group – que também é integrada por agentes do Mosad – oferecia serviços de segurança ao exército chileno.
O seminário de segurança voltou a se repetir em novembro de 2019 e o centro das discussões foram os países latino-americanos. O general Guillermo Paiva foi novamente convidado e o centro de investigação jornalística chilena observou a troca de e-mails em que Israel oferece ajuda de inteligência ao general Paiva e este aceita colaboração e fala de sua preocupação quanto à “efervescências raras” e corrupção nas forças militares chilenas e de que os corruptos eram militares membros do alto escalão.
Ao todo, seis contas foram raqueadas pelo centro de investigação de contraespionagem: a da Brigada de Encouraçados de Arica (Briaco); Regimento da Polícia Militar de Peñalolen; Guillermo Paiva; Cristoban de la Cerda, o atual diretor de operações; Nicolas Vidal (encarregado de relações internacionais) e Patricio Veas (diretor de finanças).
Os documentos foram divulgados pela ONG Anônimus, os mesmos que divulgaram os documentos sobre os Carabineros no Chile.
O projeto israelense de estreitar laços com países da América do Sul vem se dando ano após ano.
Desde fevereiro de 2019 estão em uma campanha de sensibilização por países da América Latina junto a governos simpatizantes do sionismo. O próprio Benjamin Netanyahu esteve no Brasil visitando Jair Bolsonaro. Também visitou a Guatemala.
A Guatemala é hoje o país mais cooptado pela ideia sionista e sua “trocas de favores”. A Guatemala seguiu os passos dos Estados Unidos e transferiu a sua embaixada de Tel Aviv a Jerusalém, reconhecendo a cidade como propriedade da entidade sionista.
As incursões israelenses na América Latina não têm ficado impunes e têm despertado protestos dos setores mais conscientes e combativos no continente, condenando o sionismo e seus crimes contra a humanidade.
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