Sociedade
Pesquisador que estuda grupos bolsonaristas no WhatsApp sofre ameaças
Professor recebeu um email anônimo sugerindo que tomasse cuidado e uma foto sua em um parque que frequentou dias antes
O Professor do Departamento de Estudos de Mídia da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, o brasileiro David Nemer, relata sofrer ameaças virtuais depois de divulgar resultados de sua pesquisa em andamento sobre grupos bolsonaristas no WhatsApp. Na última semana, Nemer deixou São Paulo às pressas, depois de receber email anônimo sugerindo que ele tomasse cuidado, e também uma foto sua em um parque que ele tinha frequentado dias antes.
Uma reportagem do UOL divulgou um print do email que o pesquisador recebeu enquanto esteve em São Paulo, onde tinha reunião marcada com outros pesquisadores. À imprensa, Nemer declarou que suspeita que o autor das ameaças faça parte de grupos bolsonaristas estudados por ele. “Eu venho pesquisando e monitorando a rede de fake news pro-Bolsonaro. Essa rede de fake news é mantida por um grupo chamado de MAV, Movimento Ativista Virtual, ou milícia virtual”, declarou.

Segundo o pesquisador, essa não é a primeira vez que recebe ameaças. “Toda vez que publico artigo, que sai uma entrevista minha, me mandam um e-mail de intimidação. Mas dessa vez mandaram uma foto (minha), me seguiram”, afirma. O pesquisador fez boletim de ocorrência e foi orientado a pegar o primeiro voo de volta aos EUA, onde mora.
Nemer costuma avaliar o comportamento dos seguidores dos perfis de Jair Bolsonaro nas redes, caso do post publicado no dia 31 de outubro em que fala sobre o crescimento de tweets de apoio ao presidente em um dia. Para o pesquisador, seus estudos devem irritar os bolsonaristas.
O objetivo das fake news não é somente desinformar ou forçar uma agenda política, elas também esgotam o seu pensamento crítico para alienar a verdade.
— David Nemer (@DavidNemer) December 11, 2019
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